Corrida Global
Data centers e soberania digital: a janela estratégica que se abre para o Brasil
Por Pompeu Vasconcelos - Em 22/11/2025 às 12:03 PM

A expansão de data centers pelo mundo é a nova fronteira da era digital. Foto: Freepik
Os data centers deixaram de ser estruturas secundárias para se tornar a base da economia digital. Na era da Inteligência Artificial (IA), concentram o poder computacional que sustenta de modelos generativos a sistemas financeiros, e-commerce, streaming, saúde digital e redes inteligentes. Em um mundo orientado por dados, controlar infraestrutura computacional significa controlar a capacidade de inovar — e de competir.
A corrida global por capacidade computacional
A expansão de data centers se tornou prioridade geoestratégica. A Alemanha anunciou € 5,5 bilhões do Google para ampliar instalações em Frankfurt, Munique e Berlim, reforçando sua ambição de ser hub europeu de IA. O movimento reflete uma disputa crescente entre Estados Unidos, China, Europa e Oriente Médio, todos buscando atrair big techs e consolidar soberania digital.
A geopolítica da IA se estrutura sobre três pilares: energia limpa, conectividade global e estabilidade regulatória. Data centers exigem eletricidade contínua, resfriamento eficiente e operação ininterrupta — o que leva empresas como Google, Microsoft, AWS e Oracle a priorizar regiões com energia renovável abundante e capacidade de expansão segura no longo prazo.
O Nordeste brasileiro no mapa estratégico
Nesse contexto, o Brasil — especialmente o Nordeste — surge como um candidato competitivo. A região reúne uma matriz elétrica majoritariamente renovável, grande oferta de energia eólica e solar, projetos avançados de hidrogênio verde, rotas internacionais de fibra óptica, proximidade com América do Norte, Europa e África e infraestrutura de telecomunicações em evolução.
O Ceará destaca-se como hub de conectividade da América Latina graças aos cabos submarinos que o ligam às grandes redes globais. A combinação de energia limpa, localização estratégica e custos competitivos cria condições ideais para atrair data centers de grande porte, especialmente os dedicados à IA, que demandam densidade computacional e alto consumo energético.
Apesar das vantagens, o país ainda precisa avançar em marcos regulatórios claros para infraestrutura digital, incentivos específicos para instalações críticas, segurança jurídica para contratos de longo prazo e formação técnica especializada. São lacunas solucionáveis, desde que haja coordenação e visão estratégica.
Oportunidade histórica para o país
A disputa global pelos “templos da inteligência” está apenas começando. Trilhões de dólares serão investidos na próxima década em capacidade computacional. Os países que atraírem esses investimentos ocuparão a linha de frente da indústria 4.0, biotecnologia, robótica, ciência climática e IA generativa.
Com energia limpa, conectividade internacional e posição geográfica privilegiada, o Nordeste — e o Brasil — têm diante de si uma oportunidade histórica. Transformar potencial em protagonismo dependerá de escolhas estratégicas que definirão nosso papel no novo mapa da economia digital.
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