TRANSPORTE URBANO

Dimas Barreira critica os aumentos do diesel e “semi-privatização” da Petrobras

Por Marcelo - Em 02/03/2021 às 8:15 PM

O óleo diesel e a gasolina tiveram sucessivos aumentos este ano, que vêm impactando no setor de transportes e gerando uma insegurança para os empresários. E na opinião do presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, a Petrobras foi colocada numa situação de conflito permanente de interesse com essa espécie de “semi-privatização”, que vendeu parte de suas ações mas manteve o controle público, e difundiu o discurso de preço de mercado para atrair novos investidores.

Dimas Barreira diz que Petrobras está em situação confortável                           Foto: Portal IN

“Não é concebível se utilizar o discurso de preço de mercado sem haver competição. Isso coloca a empresa numa situação confortável de investir se quiser, pois não há competição, e usar o preço de mercado se convier, pois se ela ficar tão para trás na eficiência que os preços de mercado deem prejuízo em algum momento, ela repassa tal déficit para o consumidor, sempre usando o interesse do investidor como escudo quando quer. Assim como quando convém, decisões políticas podem ser tomadas em desrespeito aos investidores, como já vimos no passado”, afirmou.

O empresário não acredita que a mudança do presidente da empresa seja a solução ou seja o principal problema. “É apenas mais um capítulo dessa situação de convívio incestuoso de interesses políticos e de mercado nessa privatização mal nascida e de difícil solução. Vejo dois caminhos, mas não creio que o Brasil seguirá nenhum deles. O primeiro será a privatização total, com abertura de mercado. O segundo será a declaração de que a empresa é uma estatal como outra qualquer e que os preços serão de controle subordinado ao interesse público. No meio do caminho é que não dá para ficar. Qualquer das medidas afronta interesses, seja dos investidores, que por mim deveriam ser indenizados, seja de determinados ideais políticos, que não discuto aqui quais são melhores”.

Dimas lembrou que esse ano já ocorreram vários aumentos no preço dos combustíveis, em meio a uma queda sem precedentes da demanda por petróleo, tendo ocorrido ano passado até um dia histórico, com preço negativo devido ao excesso de combustível disponível e custando pelo seu armazenamento em navios que não tinham onde descarregar. “Ou seja, era de se esperar uma enorme queda no preço do barril, mas por ser um mercado muito controlado e cheio dessas incestuosas relações no mundo todo, os resultados saem às avessas”.

“Um item que tenho defendido muito nas nossas comunidades nacionais do transporte de passageiros e de cargas é um levante contra o uso do biodiesel nos atuais percentuais. Além desses aumentos já detectados pela imprensa, acaba de ocorrer outro porque aumentaram o percentual de biodiesel no diesel de 12% para 13%, mais que o dobro do que é adotado nos países desenvolvidos que o adotam. Além de causar ineficiência energética pela piora dos índices de consumo dos veículos e causa danos à manutenção dos veículos. Na minha opinião, é uma política falida que já deveria ter sido extinta. Encarece o diesel e só traz prejuízos”, salientou Barreira.

Transporte coletivo urbano vem passando por sérias dificuldades

Quanto aos impactos, ressaltou que é mais um baque para um segmento que vive a pior crise de sua história. “Uma queda de arrecadação já consolidada nos últimos anos culminou na pandemia, tornando-se impossível de suportar aliada à crise fiscal dos municípios que se esforçam na busca de espaços nos seus orçamentos para tentar manter o serviço de transporte público. No final de 2020 havia o PL 3364 que passou pelo Congresso e viria em socorro do setor com R$ 4 bilhões de recursos federais e um início de reconstrução do seu marco regulatório. A luz que se acendeu no fim do túnel foi apagada pelo presidente Bolsonaro, que vetou na íntegra e não deu novas providências, apesar de até seu ministro da Economia, Paulo Guedes, já declarar estar ciente da necessidade de apoio urgente ao transporte público”, advertiu o presidente do Sindiônibus.

E concluiu dizendo que a expectativa do setor tornou-se algo difícil de traduzir. “Não estamos conseguindo prever nem o curto prazo, quanto mais enxergar que caminho seguiremos. Cada dia com sua agonia, temos lutado para manter o setor vivo, mas fazer exercício de planejamento nesse momento se tornou demagoga futurologia. Temos buscado o diálogo com a administração pública, pois sem apoio estamos num beco sem saída, bem perto do fim”, lamentou Dimas Barreira.

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