TRÉGUA

Entenda o acordo comercial entre China e Estados Unidos

Por Redação - Em 12/05/2025 às 11:21 AM

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O acordo traz uma sensação de alívio no curto prazo, especialmente para as empresas que serão beneficiadas com a redução de tarifas

Após intensas negociações em Genebra, China e Estados Unidos anunciaram, nesta segunda-feira (12), um acordo comercial que implica na redução substancial de tarifas e na suspensão de várias medidas retaliatórias. As mudanças, que visam aliviar a tensão comercial entre os dois países, começam a valer a partir de quarta-feira (14).

Redução das Tarifas

As tarifas extras impostas pelos Estados Unidos à China, que chegaram a 145% durante o ano de 2025, serão reduzidas para 30%. Em contrapartida, a China também fará um corte significativo, baixando suas tarifas de 125% para 10%. Essa medida implica em uma reversão das tarifas impostas ao longo de diferentes administrações, incluindo as implementadas durante o governo de Donald Trump.

No entanto, nem todas as tarifas serão eliminadas. As tarifas aplicadas antes de 2 de abril, como aquelas sobre aço, alumínio e veículos elétricos, continuam válidas. Isso significa que a China ainda enfrentará uma carga tarifária significativa sobre esses produtos. Além disso, as tarifas impostas durante a escalada de tensões no último ano de Donald Trump, que somam 115% sobre as importações chinesas, também serão ajustadas para um nível mais baixo, mas não zeradas.

Suspensão das contramedidas não tarifárias

Além das tarifas, o acordo contempla a suspensão de várias contramedidas não tarifárias adotadas pela China após abril de 2024. A China se comprometeu a remover restrições que afetaram empresas dos EUA, como a lista de empresas proibidas de realizar negócios com a China, e a investigação antidumping sobre a DuPont. A medida promete melhorar o ambiente de negócios para empresas norte-americanas no mercado chinês, favorecendo principalmente as indústrias de alta tecnologia e defesa.

Terras raras: um desafio persistente

No entanto, a questão das terras raras ainda gera incerteza. A China havia incluído esse item em suas medidas retaliatórias, controlando a exportação de materiais essenciais para a indústria de semicondutores e outras tecnologias. O acordo não deixou claro se a suspensão das contramedidas inclui a política sobre as terras raras, deixando o mercado em expectativa. A China já havia exigido licenças especiais para a exportação de sete tipos de terras raras, e essa medida pode ter impacto significativo sobre os consumidores dos EUA, que poderiam enfrentar atrasos e dificuldades na obtenção desses recursos.

Comércio eletrônico de baixo valor

Outro ponto importante que não foi totalmente resolvido no acordo é o futuro da política de “minimis”, que isentava de impostos as encomendas de comércio eletrônico de baixo valor, abaixo de US$ 800, provenientes da China. O fim dessa isenção, imposto pelos EUA em maio, resultou em uma tarifa de 120% sobre esses pacotes. A ausência de um posicionamento claro sobre o destino dessa política deixou especialistas em comércio preocupados, pois isso pode impactar uma grande parte do comércio entre os dois países.

Expectativas e desafios

O acordo traz uma sensação de alívio no curto prazo, especialmente para as empresas que serão beneficiadas com a redução de tarifas. No entanto, especialistas alertam que as tarifas ainda estão longe de uma eliminação total, e que a questão das terras raras e do comércio eletrônico de baixo valor continua sendo um ponto de tensão não resolvido. A medida também não resolve as disputas mais profundas entre as duas potências, como questões de propriedade intelectual e o papel crescente da China em setores estratégicos da tecnologia global.

A trégua entre China e EUA apresenta uma redução das tarifas e a suspensão de algumas medidas retaliatórias, mas também deixa muitas questões em aberto, o que promete continuar a ser um tema central nas negociações futuras entre os dois países.

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