PATAMAR INÉDITO

FIDCs ganham força no financiamento empresarial superando R$ 800 bilhões

Por Marcelo Cabral - Em 26/12/2025 às 5:50 PM

O mercado de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) encerra 2025 em um patamar inédito, consolidando uma transformação estrutural no crédito brasileiro. O patrimônio da indústria superou R$ 800 bilhões, com crescimento de 17% em 12 meses, enquanto o volume total de operações ultrapassou R$ 1,4 trilhão no acumulado do ano. As emissões primárias avançaram 22%, impulsionadas pela maior demanda de empresas de médio porte e pela migração de operações que, até recentemente, dependiam majoritariamente do sistema bancário tradicional.

O avanço ocorre em um contexto de expansão do crédito ampliado, que atingiu R$ 20,1 trilhões, o equivalente a 160% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, evidenciando o peso crescente das estruturas privadas no financiamento da economia. As captações por meio de debêntures estruturadas alcançaram R$ 19,7 bilhões em um único mês, estabelecendo um recorde histórico, enquanto as securitizações voltadas ao capital de giro registraram alta superior a 25%.

Phylipe Corsini diz que FIDCs têm posição relevante no crédito empresarial                   Foto: Divulgação

 

 

 

 

 

De acordo com Phylipe Corsini, head de Distribuição da CV Invest, que integra a holding cearense CVPAR, os números de 2025 deixam claro que os FIDCs deixaram de ser um instrumento complementar e passaram a ocupar uma posição central no financiamento empresarial no Brasil. A combinação entre juros elevados por um período prolongado, maior seletividade do crédito bancário e a crescente sofisticação das empresas acelerou a migração para estruturas privadas, mais flexíveis e com melhor arquitetura de risco.

“Vejo os FIDCs cada vez mais como uma ponte eficiente entre investidores em busca de retorno ajustado ao risco e companhias – especialmente de médio porte -, que precisam transformar recebíveis em liquidez. Para 2026, o crescimento tende a continuar, mas em um ambiente mais competitivo e exigente, no qual governança, tecnologia e capacidade analítica serão determinantes para sustentar escala e previsibilidade”, ressaltou.

Paralelamente, o estoque de recebíveis empresariais ultrapassou R$ 4 trilhões, e a inadimplência corporativa estabilizou-se próxima de 10%, aumentando a procura por modelos de crédito com melhor governança, previsibilidade e arquitetura de risco. Esse conjunto de números consolidou os FIDCs como eixo central do financiamento empresarial em 2025, ampliando sua relevância operacional, técnica e estratégica.

A perspectiva para 2026 indica um setor ainda mais competitivo, exigindo velocidade, sofisticação analítica e estruturas capazes de operar em cenários de maior pressão por eficiência. O avanço dos FIDCs como instrumento central do financiamento empresarial deverá acelerar a profissionalização das operações, ampliando a busca por modelos preditivos que reduzam risco e aumentem a capacidade de antecipação das carteiras. Em um ambiente de crédito mais seletivo, a combinação entre tecnologia, governança e diversificação tende a definir quais players conseguirão sustentar o crescimento no mercado nacional.

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