AÇÕES EM CONJUNTO
FIEC lidera articulação estratégica diante do ‘tarifaço’ de 50% imposto pelos EUA
Por Marcelo Cabral - Em 25/07/2025 às 8:09 AM

Ricardo Cavalcante defende articulação de soluções junto com os governos Foto: Gecom/FIEC
Diante do anúncio do governo dos Estados Unidos de que passará a aplicar, a partir de 1º de agosto, uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) agiu com celeridade e estratégia. A entidade reuniu os principais grupos exportadores do Estado, especialmente dos setores diretamente afetados, para debater caminhos conjuntos que minimizem os impactos da medida e garantam a competitividade da indústria cearense no cenário internacional.
O encontro, realizado nesta quarta-feira (24), foi conduzido pelo presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, que defendeu uma abordagem colaborativa, guiada por dados e inteligência de mercado. “O momento exige união e visão estratégica. Precisamos compreender as especificidades de cada setor, mas agir de forma integrada, articulando soluções com os governos estadual e federal para proteger não apenas nossos negócios, mas também os empregos e a sustentabilidade da nossa economia”, afirma.
Estiveram presentes lideranças sindicais e empresariais de peso, entre elas, Edgar Gadelha (FIEC e Sindcarnaúba), Carlos Rubens Alencar (Simagran), Karina Frota (Centro Internacional de Negócios – CIN), e executivos de grupos como ArcelorMittal, Aeris, Usibras, Grendene, Finoagro/Vicunha, Rimo Mastrotto, Duramental e Carnaúba do Brasil.
Aço lidera exportações e expõe vulnerabilidade

Guilherme Muchale destacou a alta dependência da cadeia do aço
Durante a reunião, o economista-chefe da FIEC e gerente do Observatório da Indústria do Ceará, Guilherme Muchale, apresentou uma análise minuciosa da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, com ênfase no desempenho cearense. Os dados revelam que, no primeiro semestre de 2025, o Ceará exportou cerca de US$ 556,7 milhões para o mercado norte-americano – o segundo maior volume desde o início da série histórica, em 1997.
Atualmente, os EUA são destino de 51,9% de todas as exportações cearenses, uma participação proporcional inédita no Brasil – no país, a média é de apenas 12,1%. No entanto, esse protagonismo está fortemente concentrado: mais de 76% do volume exportado refere-se a produtos semimanufaturados de aço, como placas e ligas metálicas. Essa dependência torna o Estado particularmente vulnerável a alterações tarifárias, como a anunciada pelo governo de Donald Trump.
Diplomacia e inteligência de mercado como respostas
A FIEC defende uma resposta estratégica e multifacetada, que inclua articulação diplomática junto aos Estados Unidos, a busca por novos mercados e reestruturação das cadeias de suprimentos. Durante a reunião, foi enfatizado que setores como couro e calçados já vêm adotando com sucesso medidas de diversificação de insumos e destinos comerciais.
Outro ponto relevante foi a utilização de dados técnicos como ferramenta de influência institucional. Estudos do Observatório da Indústria e do CIN mostram que a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros também impacta negativamente indústrias norte-americanas que dependem do aço semimanufaturado do Brasil, o que pode ser um argumento-chave em futuras tratativas bilaterais.
Ricardo Cavalcante destacou o papel fundamental do Observatório da Indústria do Ceará, que fornece análises em tempo real sobre o desempenho setorial e oferece suporte à tomada de decisões estratégicas. “Com ferramentas robustas, conseguimos mapear novos mercados, identificar rotas logísticas mais seguras e ampliar a inteligência competitiva das nossas empresas”, ressalta.
A proposta consensuada entre os participantes é a construção de uma agenda integrada de resposta, que envolva não apenas o setor privado, mas também os governos estadual e federal, em sintonia com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mesmo sem a formalização de uma ordem executiva por parte do governo americano, a FIEC opta por agir de forma proativa, antecipando cenários e fortalecendo o diálogo com todos os atores envolvidos, reforçando o compromisso com a defesa da competitividade do Ceará no cenário global.

Representantes do setor industrial cearense debateram as soluções para o ‘tarifaço’ de Donald Trump
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