indústria farmacêutica

Fim do boom das vacinas contra a covid-19 derruba gigantes e reduz patrimônios bilionários

Por Redação - Em 30/09/2025 às 12:01 AM

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Em 2024, apenas 23% dos americanos receberam um reforço contra a Covid, índice que chegou a 40% entre os idosos. FOTO: Agência Brasil

Em 2021, Moderna e BioNTech viveram um momento histórico. Impulsionadas pela corrida mundial pelas vacinas contra a covid-19, as duas empresas chegaram a valer juntas mais de US$ 300 bilhões no mercado, criando bilionários instantâneos e superando em valorização companhias tradicionais da indústria farmacêutica.

Passados três anos, esse cenário se transformou radicalmente. A queda das taxas de vacinação e a redução das compras governamentais derrubaram a demanda. As ações das duas empresas perderam até 95% de valor desde o pico, e as fortunas associadas a seus executivos e investidores encolheram a menos de um terço do registrado no auge.

A situação foi agravada por fatores políticos. A nomeação de Robert F. Kennedy Jr., crítico das vacinas, para o comando do Departamento de Saúde dos Estados Unidos trouxe instabilidade ao setor. Sob sua gestão, a FDA e o CDC reduziram recomendações de imunização, limitando o público-alvo das vacinas e aumentando a incerteza dos investidores.

Os números confirmam a retração. Em 2024, apenas 23% dos americanos receberam um reforço contra a Covid, índice que chegou a 40% entre os idosos. No resto do mundo, a adesão também foi baixa, com apenas um terço da população completando doses adicionais. Essa queda reduziu drasticamente o potencial de receita das farmacêuticas.

Na frente financeira, Moderna e BioNTech seguiram caminhos distintos. A Moderna gastou bilhões recomprando ações e apostou em vacinas respiratórias, mas com resultados limitados: seu imunizante contra o vírus RSV, por exemplo, não alcançou a expectativa inicial. Já a BioNTech manteve maior disciplina, preservando caixa, diversificando parcerias e direcionando investimentos para pesquisas em oncologia.

Essa diferença estratégica é visível nos números. A BioNTech ainda mantém mais de US$ 19 bilhões em reservas, enquanto a Moderna dispõe de cerca de US$ 7,5 bilhões. Analistas apontam que essa postura mais cautelosa da empresa alemã a coloca em posição mais sólida diante do desaquecimento da demanda por vacinas.

Apesar das tentativas de diversificação, ambas as companhias continuam altamente dependentes do mercado de Covid-19 e, consequentemente, vulneráveis às decisões políticas em Washington. O futuro de Moderna e BioNTech dependerá da capacidade de se reinventarem em novas frentes de pesquisa e da evolução do cenário regulatório nos Estados Unidos.

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