O FMI alerta que o aumento das barreiras comerciais pode intensificar a fragmentação econômica global

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou, nesta terça-feira (22), que os saldos em conta-corrente — tanto superávits quanto déficits — cresceram significativamente em 2024, revertendo a tendência de diminuição desde a crise financeira de 2008-2009. O relatório anual do setor externo, que analisa as 30 maiores economias, ressalta que esses desequilíbrios podem representar riscos quando excessivos.

O FMI criticou a imposição de tarifas comerciais elevadas, como as aplicadas pelo governo dos EUA, afirmando que elas não são a solução para os desequilíbrios globais e podem prejudicar a economia mundial ao reduzir a demanda e aumentar a inflação.

Segundo o relatório, o aumento dos saldos globais foi puxado principalmente pelas três maiores economias: os EUA, que ampliaram seu déficit para US$ 1,13 trilhão, a China, com superávit de US$ 424 bilhões, e a zona do euro, que teve superávit de US$ 461 bilhões.

O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, destacou que os desequilíbrios decorrem de problemas internos, como políticas fiscais inadequadas e baixa proteção social, e defendeu que os países devem focar em reformas domésticas, como estimular o consumo na China, investir em infraestrutura na Europa e controlar gastos nos EUA.

O relatório também apontou que as incertezas sobre tarifas aumentam a volatilidade financeira e afetam a confiança dos mercados, enquanto o papel do dólar americano, apesar de ainda dominante, enfrenta desafios com a maior utilização do yuan chinês e o surgimento de alternativas digitais.

O FMI alerta que o aumento das barreiras comerciais pode intensificar a fragmentação econômica global e causar danos duradouros à economia mundial, reforçando a necessidade de soluções internas em vez de medidas protecionistas.