Patriolino Dias, presidente do Sinduscon Ceará, vê oportunidade de expansão no segmento voltado à classe média Foto: Douglas Filho

A introdução da Faixa 4 do programa Minha Casa Minha Vida, voltada para imóveis de padrão intermediário, tende a provocar um novo ciclo de crescimento no mercado residencial de Fortaleza. A projeção é do presidente do Sinduscon Ceará, Patriolino Dias, que vê no programa uma oportunidade de expansão no segmento voltado à classe média.

Segundo Dias, a possibilidade de financiamento com juros mais baixos tem atraído famílias que antes não conseguiam se enquadrar nos limites das demais faixas do programa. “Essa diferença na taxa de juros melhora significativamente o valor da prestação e facilita o enquadramento das famílias. O cenário que se desenha é de aumento de oferta e de vendas nesse perfil de imóvel”, afirma.

Os empreendimentos da Faixa 4, segundo o dirigente, devem se concentrar sobretudo na zona sul da cidade, em bairros já consolidados. O público-alvo são famílias de classe média, em ascensão, que buscam imóveis com melhor localização e padrão construtivo acima do segmento econômico tradicional.

Selic elevada preocupa setor da construção

Apesar do otimismo, o presidente do Sinduscon-CE chama atenção para os desafios financeiros enfrentados pelas construtoras, especialmente diante do cenário de juros elevados. “O comprador que se enquadra no Minha Casa Minha Vida costuma financiar ainda na planta e garante uma taxa fixa até o fim do contrato, escapando da Selic. Mas as construtoras, por outro lado, ainda dependem de funding mais caro para financiar a obra”, explica.

Ele destaca que, enquanto no passado os financiamentos estavam atrelados ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com taxas em torno de 10% ao ano, hoje o padrão se deslocou para indexadores como o CDI, o que eleva significativamente o custo do capital para os empreendedores.

Alta de preços é esperada em 2025

Para os próximos meses, Dias projeta uma elevação nos preços dos imóveis da Faixa 4, puxada pelo aumento nos custos de construção. “A mão de obra está mais cara, a produtividade caiu e a carga tributária deve crescer com a reforma tributária em andamento. Isso tudo pressiona os preços dos lançamentos”, afirma. A expectativa é de uma valorização de 5% a 8% até o fim de 2025.

Na avaliação do presidente do sindicato, quem comprar agora tende a ter ganho real. “Com os custos subindo e a reforma tributária prestes a ser implementada, o imóvel naturalmente se valoriza. Para quem adquirir hoje, há espaço para valorização futura.”

Perspectiva é de estabilidade em patamar elevado

Após um 2024 considerado excepcional para o setor — com crescimento expressivo no volume de lançamentos — a projeção do Sinduscon-CE é de manutenção do bom desempenho em 2025. “Mesmo que não repitamos o crescimento de 2024, manter aquele patamar já será um excelente resultado. Qualquer avanço além disso será um ganho adicional”, conclui Dias.