ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
Fortaleza se destaca como hub digital da América Latina com alta conectividade
Por Marcelo Cabral - Em 24/12/2025 às 9:58 AM
A capital cearense consolida-se como o principal Hub de cabos submarinos da América Latina, conectando o Brasil aos Estados Unidos, à Europa e à África. O reconhecimento é do Banco Mundial (Bird), no estudo ‘Nordeste digital: Fundamentos para a elaboração de uma estratégia de transformação regional’, que atribui ao Ceará um papel central na nova geografia da economia digital. “Esse Hub não representa apenas um avanço tecnológico, mas um instrumento estratégico de atração de investimentos”, destaca o relatório.

Infraestrutura de data centers, conectada a cabos submarinos de fibra óptica promove baixa latência
Com mais de US$ 2 bilhões em aportes privados já realizados, o Estado emerge como destino preferencial para data centers, plataformas globais e empresas que dependem de baixa latência e alta segurança de conexão. O estudo, elaborado para o Consórcio Nordeste, ressalta que a rede internacional instalada em Fortaleza insere a região diretamente nas rotas globais de tráfego de dados, oferecendo latências inferiores às tradicionais conexões concentradas no Sudeste do País.
Segundo o Banco Mundial, essa vantagem geoeconômica viabiliza operações intensivas em transmissão de dados, como computação em nuvem, jogos online, streaming, transações financeiras e aplicações avançadas de inteligência artificial. O documento, assinado por Raimundo Nogueira da Costa Filho, Luciano Charlita de Freitas, Julian Najles e Luís Alberto Andrés, destaca ainda o protagonismo do Cinturão Digital do Ceará (CDC), projeto da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), como eixo estruturante da transformação digital no Nordeste.
Interiorização da conectividade
Paralelamente à consolidação do Hub internacional, o Estado avança na interiorização da conectividade. Iniciativas como o próprio CDC estendem milhares de quilômetros de fibra óptica a cidades médias, pequenas e áreas rurais, viabilizando serviços até então restritos aos grandes centros, como telemedicina em tempo real, educação à distância de alta qualidade e modelos mais sofisticados de governança digital. Projetos semelhantes em estados como Bahia e Pernambuco reforçam essa estratégia regional, garantindo que a conectividade global ao alcance de escolas, hospitais, polos industriais, universidades e comunidades remotas.
Outro vetor decisivo da competitividade cearense é a instalação de data centers sustentáveis, impulsionada pela ampla disponibilidade de energia renovável. O Nordeste – com liderança do Ceará – desperta o interesse de gigantes globais como AWS, Microsoft e Google, que enxergam a região como um dos ambientes mais competitivos das Américas para operações de centros de dados. Entre os fatores determinantes estão a oferta de energia limpa a custos reduzidos e previsíveis, o número elevado de cabos submarinos e um clima favorável a sistemas de refrigeração de alta eficiência energética, capazes de reduzir de forma significativa os custos operacionais.
De acordo com o relatório, iniciativas pioneiras, como a integração entre geração solar e refrigeração de data centers, posicionam o Ceará não apenas como receptor de tecnologia, mas como desenvolvedor de modelos sustentáveis com potencial de replicação global. A região concentra a maior capacidade eólica e solar do Brasil, e uma das maiores do mundo, com fatores de capacidade acima da média internacional – tornando a energia limpa um ativo estratégico.

Christine Quiang e Hugo Figueirêdo durante evento na África do Sul
A relevância desse movimento também se reflete na agenda institucional. Um dos autores do estudo, Luciano Charlita de Freitas, especialista sênior em Desenvolvimento Digital do Banco Mundial, esteve recentemente na sede da Etice para tratar da visita, prevista para 2026, da diretora global de Transformação Digital do Bird, Christine Zhenwei Quiang. O interesse em conhecer de perto a estratégia de atração de data centers para o Ceará foi manifestado durante encontro com representantes do Estado no Powering Data Centers Workshop, realizado em novembro, na cidade do Porto, na África do Sul.
“O potencial energético renovável é a vantagem estrutural mais contundente do Nordeste”, resume o estudo do Banco Mundial. “No contexto da economia digital, energia limpa não é apenas uma questão ambiental, mas uma variável decisiva para competitividade, estabilidade das operações e atração de investimentos sustentáveis no longo prazo”.
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