COMUNICADO AO MERCADO

Gol anuncia plano de reestruturação e prepara saída da B3 após encerrar tratativas com a Azul

Por Redação - Em 14/10/2025 às 11:44 AM

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A mudança representa o fim da companhia na bolsa brasileira e a transição para um modelo totalmente privado de operação

A Gol Linhas Aéreas apresentou, nessa segunda-feira (13), um plano de reestruturação que prevê o fechamento de capital da companhia e a consequente retirada de suas ações da B3. A proposta será submetida à aprovação dos acionistas em assembleia marcada para 4 de novembro.

A medida tem como objetivo simplificar a estrutura societária e atender a exigências regulatórias que surgiram após o processo de reestruturação financeira concluído neste ano.

Pelo plano, a atual Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. — listada na B3 sob o código GOLL4 — será incorporada pela subsidiária Gol Linhas Aéreas S.A. (GLA), empresa de capital fechado que não pretende abrir capital. A mudança representa o fim da companhia na bolsa brasileira e a transição para um modelo totalmente privado de operação.

Em comunicado, a empresa justificou a decisão como um passo para “aumentar sinergias, reduzir custos e reforçar a eficiência operacional”, sem a pressão de atender às exigências de governança impostas pela B3.

Motivos e desafios

Entre os fatores que motivaram o movimento está o baixo volume de ações em circulação (free float). Após a capitalização de mais de R$ 12 bilhões em maio de 2025, o grupo controlador GOL Investments B.V. (GIB) passou a deter 99,97% das ações ordinárias e 99,22% das preferenciais, reduzindo o free float para apenas 0,78% — abaixo do mínimo exigido pelo Nível 2 de governança da bolsa.

Além disso, a B3 havia dado prazo até janeiro de 2026 para que a empresa elevasse o preço unitário de suas ações para, no mínimo, R$ 1.

Ao optar pelo fechamento de capital, a companhia elimina a necessidade de se adequar a essas exigências e pode concentrar esforços em consolidar sua recuperação financeira e eficiência operacional.

Acionistas minoritários

Com a incorporação, a Gol deixará o Nível 2 de governança corporativa, o que altera as condições para investidores minoritários. O plano prevê três alternativas:

– Troca de ações: acionistas que permanecerem na empresa receberão títulos da GLA em proporções equivalentes;

– Oferta pública de aquisição (OPA): a controladora fará uma oferta para recomprar as ações preferenciais, com preço definido por laudo de avaliação;

– Cancelamento: o processo poderá ser suspenso caso o valor total da OPA ultrapasse R$ 47,25 milhões.

A principal consequência para quem decidir permanecer será a perda de liquidez, já que a GLA não terá ações negociadas em mercado nem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Fim da parceria com a Azul

O anúncio ocorre logo após o encerramento das negociações de fusão entre a Gol e a Azul, que duraram nove meses. O rompimento foi comunicado em 25 de setembro, quando a controladora Abra afirmou que as conversas não avançaram em razão do foco da Azul em sua própria reestruturação financeira nos Estados Unidos.

Com o encerramento das tratativas e do acordo de compartilhamento de voos (codeshare), a Gol passa a concentrar suas atenções na reorganização interna e na execução do novo plano, que começa a ser decidido oficialmente na assembleia de 4 de novembro.

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