Sistema financeiro
Grandes bancos caminham para lucro superior a R$ 29 bi no 1º trimestre
Por Anchieta Dantas Jr. - Em 30/04/2025 às 9:00 AM

A projeção leva em conta os resultados das demonstrações financeiras de grandes instituições como Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil Foto: Freepik
A temporada de resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025 trará importantes indicativos sobre o desempenho do setor bancário brasileiro. De acordo com projeções de analistas, grandes instituições como Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil devem alcançar lucros consolidados de R$ 29,3 bilhões, o que representa uma leve queda de 1,6% em relação ao trimestre anterior, porém, um crescimento de 11,2% comparado a igual período de 2024.
Em um cenário de juros elevados e crescente incerteza econômica, o setor bancário se mantém resiliente, impulsionado pela recuperação de instituições como Bradesco e Santander. O novo consignado privado, lançado em março, é visto como um potencial motor para a expansão das carteiras de crédito, o que deve compensar parcialmente os efeitos da desaceleração econômica.
No entanto, apesar das projeções positivas, analistas alertam para os impactos da sazonalidade e as dificuldades impostas pelo cenário externo. O JPMorgan, por exemplo, aponta que a valorização do real pode prejudicar a expansão do crédito, enquanto a qualidade dos ativos, especialmente no setor agropecuário, exige atenção.
Já o Goldman Sachs destaca que a rentabilidade (ROE) dos bancos deverá continuar saudável, mas o setor de seguros poderá apresentar desempenho abaixo das expectativas, afetando instituições como o Bradesco, que tem forte presença nesse mercado.
Principais expectativas
Entre os maiores, o Itaú Unibanco se destaca com a expectativa de um lucro de R$ 11,1 bilhões, representando um crescimento de 1,6% no trimestre. Sua rentabilidade deve manter-se robusta, com um ROE projetado de 22,4%, embora a expansão da margem financeira seja mais comedida devido à menor quantidade de dias úteis no período.
Por outro lado, o Banco do Brasil deve apresentar o pior desempenho entre os grandes bancos, com uma previsão de queda de 5,1% no lucro trimestral, totalizando R$ 9,1 bilhões. Os analistas atribuem essa redução principalmente ao aumento nos custos de funding e às despesas com provisões, agravadas pela adoção do modelo de perdas esperadas.
No caso do Bradesco, a projeção é de lucro de R$ 5,4 bilhões, sustentado por um foco em eficiência operacional e a continuidade do processo de reestruturação, que inclui o fechamento de agências e a segmentação no atendimento de clientes de alta renda.
O Santander, por sua vez, deve registrar lucro de R$ 3,8 bilhões, com expectativas de bom desempenho nas receitas de tarifas, mas com a margem financeira pressionada pela alta da Selic e pela leve contração da carteira de crédito.
Impacto do consignado privado e dos novos modelos
A grande novidade para o setor é o lançamento do consignado privado, que já soma R$ 8 bilhões em volume liberado e começa a ganhar tração entre os grandes bancos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
O novo modelo, que permite aos consumidores tomar crédito de forma mais acessível e com prazos mais longos, pode ser uma das estratégias-chave para o crescimento das carteiras de crédito nos próximos meses, principalmente após um início dominado por financeiras e bancos digitais.
No segmento digital, o Nubank, que não entra na soma dos lucros dos grandes bancos, também se destaca com uma previsão de lucro de US$ 555 milhões (cerca de R$ 3,1 bilhões). No entanto, a fintech enfrenta um cenário desafiador, com aumento no custo de funding e pressão sobre sua margem financeira devido à redução da oferta de produtos como o Pix Crédito e à nova estratégia de concessão de empréstimos mais conservadora.
Desafios e oportunidades
O impacto das mudanças regulatórias e a adaptação ao novo padrão contábil IFRS 9 são questões que também podem complicar a leitura dos resultados. Daniel Vaz, analista do Safra, destaca que os grandes bancos devem continuar a adotar uma postura conservadora diante da persistência dos juros elevados.
A temporada de balanços do primeiro trimestre será, portanto, um termômetro importante para os próximos passos do setor bancário, especialmente em relação à evolução do crédito e a adaptação às novas exigências regulatórias.
Apesar dos desafios, a tendência é de que o setor continue a se beneficiar da diversificação de produtos e da inovação tecnológica, com um foco cada vez maior em eficiência e transformação digital para garantir a sustentabilidade no longo prazo.
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