
Mercado de crédito
Grandes bancos voltam a ganhar espaço e dominam quase 60% do crédito no país
Por Anchieta Dantas Jr. - Em 29/04/2025 às 10:38 AM

Segundo o relatório do Banco Central, Banco do Brasil, Caixa, Itaú Unibanco e Bradesco concentram juntos 57,9% das operações de crédito no país Foto: Reprodução
A concentração bancária voltou a crescer no Brasil em 2024, após três anos de queda. Segundo relatório divulgado nesta terça-feira (29) pelo Banco Central (BC), os quatro maiores bancos do país — Banco do Brasil, Caixa, Itaú Unibanco e Bradesco — concentram juntos 57,9% das operações de crédito. Em 2023, esse percentual era de 57,8%.
A alta, embora discreta, contraria o discurso da autoridade monetária sobre a importância de ampliar a concorrência no setor financeiro. O BC defende que a competição estimula melhores condições para consumidores e empresas, como taxas mais baixas e maior diversidade de produtos.
Desde 2019, o indicador utilizado pelo órgão para medir essa concentração é a RC4 — razão que leva em conta os quatro maiores bancos em volume de crédito. Naquele ano, o índice era de 60,6%, e vinha recuando gradualmente até agora.
Infraestrutura e agro seguem concentrados
O levantamento mostra que os maiores níveis de concentração continuam em linhas de crédito específicas, como financiamentos habitacionais, rurais e voltados à infraestrutura. São segmentos em que o acesso ao crédito é mais dependente de grandes instituições com capacidade de operar em escala nacional.
Ao longo de 2024, o BC aprovou oito operações de concentração bancária sem restrições, três das quais envolvendo ao menos uma grande instituição. Um dos casos citados foi o acordo de investimento entre o Bradesco e o banco John Deere, voltado ao financiamento no setor agro.
Apesar disso, o Banco Central afirma que alguns indicadores apresentaram recuo ou estabilidade. Em depósitos totais, por exemplo, a RC4 caiu de 57,9% para 57,1%. O número de instituições ofertando linhas como capital de giro, crédito pessoal não consignado e cheque especial também aumentou, segundo o órgão.
O dado traz à tona o desafio da inclusão bancária e da democratização do crédito em um país em que poucas instituições ainda concentram grande parte das operações. Em um cenário de juros elevados e crédito restrito, o avanço da concorrência pode ser decisivo para impulsionar o crescimento econômico.
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