“O objetivo é despolitizar o debate e mostrar que as relações comerciais não podem ser contaminadas por divergências políticas”, afirmou Haddad FOTO: Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se reunir nesta semana com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para tentar aliviar o clima de tensão criado pelas novas tarifas comerciais impostas ao Brasil. A conversa também pretende abrir caminho para um possível encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano, Donald Trump.

“O objetivo é despolitizar o debate e mostrar que as relações comerciais não podem ser contaminadas por divergências políticas”, afirmou Haddad durante entrevista à imprensa.

Na semana passada, Trump assinou uma ordem executiva que impôs tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros, sob o argumento de uma “emergência nacional”. Apesar disso, mais de 700 itens — como petróleo, celulose e minério de ferro — ficaram fora da medida, o que, segundo o governo brasileiro, representa quase metade das exportações não afetadas.

A pauta do encontro com Bessent também poderá incluir a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Segundo Haddad, o momento servirá para explicar aos EUA como funciona a independência entre os poderes no Brasil.

A reunião ainda não tem data confirmada, mas pode ocorrer de forma presencial. O governo brasileiro também avalia enviar o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, para participar das tratativas.

Possível conversa entre Lula e Trump

Trump afirmou no último domingo que Lula “pode ligar quando quiser”. Em resposta, o presidente brasileiro disse estar aberto ao diálogo e reforçou que o Brasil não deixará a mesa de negociações. Segundo Haddad, a “recíproca é verdadeira”, mas qualquer encontro entre os dois líderes dependerá de um ambiente diplomático adequado.

Uma possível reunião entre Lula e Trump pode ocorrer durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, em Nova York, mas o encontro ainda não está confirmado.

Especialistas avaliam que, apesar dos acenos públicos, qualquer avanço exige cautela, já que Trump é conhecido por seu estilo imprevisível.