“Hoje, qualquer gasto tributário é identificado por CNPJ. Isso obrigou empresas a defender seus interesses de forma aberta”, disse Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a estratégia de ajuste fiscal do governo não passa pela criação de novos tributos, mas pela redução das renúncias fiscais que pesam no orçamento. Em entrevista concedida no fim de semana ao canal TV GGN, ele reforçou que cortar benefícios tributários não significa aumento de impostos.

“Não estamos falando de criar tributos ou elevar alíquotas. O que não aceitamos é manter renúncias no patamar de mais de 6% do PIB”, disse Haddad, destacando que os últimos dois anos e meio foram dedicados ao enfrentamento das desonerações.

Segundo o ministro, o governo adotou medidas de transparência para expor quem recebe os benefícios. “Hoje, qualquer gasto tributário é identificado por CNPJ. Isso obrigou empresas a defender seus interesses de forma aberta, sem se esconder em um orçamento opaco”, declarou.

Apesar da resistência de setores econômicos e da oposição no Congresso, Haddad afirmou que houve avanços importantes na redução das renúncias, embora admita que o processo poderia ter sido mais ágil. “Se tivéssemos conseguido acelerar, haveria mais espaço para outras pautas prioritárias”, observou.

De acordo com o Ministério do Planejamento e Orçamento, os gastos tributários federais estão estimados em R$ 540 bilhões para 2025, o equivalente a 4,4% do PIB. Somados os incentivos financeiros e creditícios, o volume supera R$ 800 bilhões, o que, segundo Haddad, pressiona o cumprimento das metas fiscais.

No Congresso, tramita o Projeto de Lei Complementar (PLP) 128/2025, que prevê a redução gradual desses benefícios em 10% até 2026, sendo 5% no próximo ano e outros 5% no seguinte. O Ministério da Fazenda deverá apresentar medidas adicionais para acelerar a tramitação do texto.