O avanço do Ibovespa perdeu fôlego após declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que sinalizou cautela quanto a novos cortes de juros nos Estados Unidos

O Ibovespa atingiu nesta quarta-feira (29) marcas inéditas em sua trajetória. Pela primeira vez, o principal índice da Bolsa brasileira ultrapassou os 148 mil e, em seguida, os 149 mil pontos, alcançando o recorde intradiário de 149.067,16 pontos. No fechamento, manteve parte dos ganhos e encerrou o dia em alta de 0,82%, aos 148.632,93 pontos, novo recorde de encerramento.

O desempenho positivo foi sustentado por papéis de peso, como Vale (VALE3), que avançou 1,82%, e bancos, especialmente o Bradesco (BBDC4), com alta de 3,23% na expectativa do balanço do terceiro trimestre. Santander (SANB11) também teve valorização de 1,60%, enquanto a Hypera (HYPE3) saltou 4,84% após resultados acima das projeções.

Por outro lado, Marfrig (MRFG3) devolveu parte dos fortes ganhos da véspera e caiu 7,84%, e Petrobras (PETR4) subiu discretamente, apenas 0,10%.

O avanço do Ibovespa perdeu fôlego após declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que sinalizou cautela quanto a novos cortes de juros nos Estados Unidos. Apesar de a autoridade monetária ter reduzido a taxa básica em 0,25 ponto percentual nesta reunião — movimento já esperado —, Powell afirmou que parte dos membros do comitê defende uma pausa no ciclo de cortes.

“Não estou comprometido com uma desaceleração, mas é uma possibilidade diante da falta de dados”, afirmou, reforçando que o Fed “está dirigindo no escuro” e precisa agir com prudência. O discurso esfriou o otimismo dos investidores e provocou ajustes nas taxas de juros futuros, que inverteram o sinal e fecharam em alta.

O dólar também reagiu, oscilando bastante durante o dia, mas terminou praticamente estável, com leve valorização de 0,03%, cotado a R$ 5,358.

Bolsas internacionais fecham mistas

Nos Estados Unidos, o tom cauteloso de Powell pesou sobre os índices. Dow Jones e S&P 500 recuaram, enquanto o Nasdaq conseguiu manter leve alta, sustentado pela expectativa de resultados positivos das grandes empresas de tecnologia.

Na Europa, os principais mercados encerraram o pregão próximos da estabilidade, refletindo a mesma prudência em relação à política monetária americana.

Além das reações ao Fed, os investidores acompanham com atenção o encontro entre os presidentes dos Estados Unidos e da China, Donald Trump e Xi Jinping, que ocorre nesta quinta-feira (30) na Coreia do Sul. O diálogo reacende a esperança de uma trégua comercial entre as duas maiores economias do planeta — fator que pode influenciar os mercados nos próximos dias.