O iFood Pago já concedeu R$ 2 bilhões em crédito e mantém 175 mil contas ativas

O iFood, consolidado como líder no mercado de delivery, tem expandido sua atuação para além das entregas. A frente financeira da companhia, criada em 2019, tornou-se um dos pilares de crescimento da empresa e já movimenta R$ 160 milhões em financiamentos mensais para restaurantes parceiros. Desde sua criação, o braço financeiro — o iFood Pago — já concedeu R$ 2 bilhões em crédito e mantém 175 mil contas ativas.

Segundo o CEO do iFood, Diego Barreto, o objetivo é transformar a operação em um banco digital completo, oferecendo não apenas crédito, mas também serviços de depósito e produtos voltados a pessoas físicas. O iFood Pago já possui as licenças de Instituição de Pagamento (IP) e Sociedade de Crédito Direto (SCD), concedidas pelo Banco Central, e planeja avançar em novas autorizações regulatórias para ampliar sua atuação — inclusive por meio de parcerias.

Um dos diferenciais da fintech é o uso de inteligência artificial para avaliar a capacidade de pagamento dos restaurantes. O sistema analisa dados como frequência de pedidos, satisfação do cliente, repasse de preços e regularidade operacional, criando uma pontuação que ajuda a definir o risco de crédito. “O algoritmo identifica se o restaurante tem boa sustentabilidade operacional e financeira, e com base nisso definimos o acesso ao crédito”, explicou Barreto.

Além da concessão de crédito, o iFood vem ampliando outras frentes financeiras. O negócio de vale-refeição, lançado em 2020, já reúne 856 mil usuários ativos e é uma das principais apostas da empresa em meio às discussões em Brasília sobre portabilidade e interoperabilidade no setor. A companhia também lançou sua própria maquininha de cartões, integrada ao aplicativo, que já movimentou R$ 925 milhões em transações e deve chegar a 4 mil restaurantes até 2026.

Essas iniciativas fazem parte da estratégia de inovação disseminada pelo ex-CEO da companhia, Fabricio Bloisi, hoje à frente da Prosus, controladora global do iFood. O modelo interno de experimentação — apelidado de “jet-skis” — incentiva a criação de novos negócios que possam ser testados e escalados dentro da empresa. Em 2023, cerca de 20 projetos estavam em fase de desenvolvimento.

O fortalecimento das novas frentes de negócio contribuiu para que 20% da receita do iFood já venha de atividades além do delivery. A expansão reflete a visão de Barreto sobre o futuro da tecnologia. Durante um evento global do Google, o executivo destacou que o mundo se aproxima de uma nova era marcada por avanços em inteligência artificial, robótica e computação quântica — transformações que, segundo ele, “devem multiplicar a produtividade global nos próximos cinco anos”.