medidas emergenciais
Indústria reage ao tarifaço dos EUA: FIEC convoca reunião emergencial e CNI pede diálogo, não retaliação
Por Marlyana Lima - Em 30/07/2025 às 8:45 PM

Tarifas atingem as exportações de produtos brasileiros para os Estados Unidos – Foto: Agência Brasil
A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) está reunida nesta quarta-feira (30) à noite com suas áreas técnicas, o Observatório da Indústria do Ceará e o Centro Internacional de Negócios (CIN), além de empresários cearenses com pauta de exportação para os Estados Unidos. O objetivo é analisar todas as informações anunciadas pelo presidente Donald Trump durante a assinatura do decreto nesta quarta-feira, que estabelece tarifas de 50% sobre uma ampla gama de produtos brasileiros. A reunião também busca identificar os impactos diretos da medida e traçar ações para mitigar os efeitos do tarifaço sobre a indústria cearense.
A decisão norte-americana gerou forte reação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que classificou a medida como preocupante, por comprometer cadeias produtivas, reduzir a produção, ameaçar empregos e investimentos, além de afetar contratos de longo prazo. Ainda assim, a entidade descarta qualquer retaliação e reforça a importância de manter canais de negociação abertos com os Estados Unidos.
“A confirmação da aplicação da sobretaxa sobre os produtos brasileiros, ainda que com exceções, penaliza de forma significativa a indústria nacional, com impactos diretos sobre a competitividade. Não há justificativa técnica ou econômica para o aumento das tarifas, mas acreditamos que não é hora de retaliar. Seguimos defendendo a negociação como forma de convencer o governo americano que essa medida é uma relação de perde-perde para os dois países, não apenas para o Brasil”, declarou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Ricardo Alban, presidente da CNI assinou nota pública com posicionamento sobre o tarifaço e seus impactos na indústria brasileira
Medidas para enfrentar o impacto
Para minimizar os efeitos da nova tarifa sobre o setor produtivo, a CNI apresentou ao governo federal uma lista com oito medidas prioritárias, entregues ao ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. As propostas incluem desde crédito emergencial a medidas tributárias e de comércio exterior:
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- Financiamento emergencial do BNDES, com juros entre 1% e 4% ao ano para capital de giro;
- Ampliação do prazo de câmbio de exportação de 750 para 1.500 dias em contratos ACC e ACE;
- Prorrogação de financiamentos ao comércio exterior, como PROEX e BNDES-Exim;
- Aplicação de medidas antidumping e fortalecimento da fiscalização de comércio internacional;
- Adiamento por 120 dias do pagamento de tributos federais, com parcelamento sem multas ou juros;
- Pagamento imediato de ressarcimentos de tributos (PIS/Cofins e IPI) já homologados;
- Reintegra com alíquota ampliada para 3% nas exportações;
- Reativação do Programa Seguro-Emprego (PSE), com ajustes.
“Nossas propostas buscam mitigar os efeitos econômicos adversos aos setores afetados pelas barreiras, preservar a capacidade exportadora das empresas brasileiras e garantir a continuidade das operações internacionais em um cenário de alta imprevisibilidade”, afirmou Alban.
Produtos afetados e exceções
Segundo a análise preliminar da CNI, cerca de 700 produtos brasileiros foram incluídos em uma lista de exceção e seguirão sujeitos apenas à tarifa original de 10%. No entanto, setores estratégicos como proteína animal, café, etanol, máquinas e equipamentos ficaram de fora das isenções e enfrentarão a nova tarifa de 50%.

Exportação de suco e polpa de laranja integra a lista de 700 produtos brasileiros foram incluídos em uma lista de exceção
Das exceções listadas, 565 itens são voltados ao setor de aviação civil. Produtos que já estão sob tarifas da Seção 232 (como aço, alumínio e autopeças) também não sofrerão a nova sobretaxa.
Exemplos de produtos isentos incluem:
Agroindústria: castanhas-do-pará, suco e polpa de laranja, frutas processadas;
Máquinas: motores, bombas, compressores, válvulas;
Aeronáutica: partes de aeronaves civis, drones, turbojatos;
Químicos/minerais: fertilizantes, derivados de petróleo, minérios;
Tecnologia: baterias, monitores, roteadores, circuitos impressos;
Energia/elétrica: transformadores, UPS, sistemas de iluminação;
Outros setores: borracha, plásticos, madeira tropical, móveis industriais.
Missão empresarial e impacto na economia
Além das medidas internas, a CNI prepara uma missão empresarial aos Estados Unidos com o objetivo de fortalecer o diálogo entre empresas brasileiras e americanas, e destacar os prejuízos mútuos provocados pelo tarifaço. “Nosso papel é ser um facilitador e o nosso objetivo é sensibilizar as empresas para que elas sensibilizem o governo. As tarifas também vão afetar a economia americana”, declarou o dirigente da CNI.
A relação comercial entre Brasil e EUA é considerada estratégica. Os Estados Unidos são o terceiro principal parceiro comercial do Brasil e o principal destino das exportações da indústria de transformação. Em 2024, para cada R$ 1 bilhão exportado para os EUA, foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil.
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