CRISE

JPMorgan vê risco institucional no Fed com ofensiva de Trump contra Lisa Cook

Por Redação - Em 27/08/2025 às 6:00 AM

Fed, Federal Reserve, Banco Central Americano

O JPMorgan lembra que decisões recentes da Suprema Corte indicam que o Fed pode ter uma proteção especial contra interferências diretas do Executivo

O JPMorgan avaliou, nessa terça-feira (26), que a tentativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de remover Lisa Cook do conselho do Federal Reserve (Fed) marca um ponto crítico na relação entre a Casa Branca e o banco central. Em relatório assinado pelo economista-chefe para os EUA, Michael Feroli, o banco alerta que a iniciativa pode desencadear uma mudança profunda na estrutura de poder da instituição.

Segundo a análise, mesmo sem garantia de êxito, a ofensiva é relevante porque abriria a segunda vaga no conselho em menos de um mês, ampliando as chances de Trump indicar nomes alinhados a seus interesses. O JPMorgan ressalta que, caso isso ocorra, os indicados teriam influência direta na renovação dos mandatos dos 12 presidentes regionais do Fed, prevista para fevereiro de 2026, o que poderia alterar a composição do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).

Feroli avalia que o maior risco seria o precedente para a demissão de outros governadores, fragilizando a autonomia da instituição e aumentando a percepção de ingerência política na política monetária — cenário que, segundo o banco, traria pressões adicionais sobre a inflação.

Apesar das incertezas, o JPMorgan lembra que decisões recentes da Suprema Corte indicam que o Fed pode ter uma proteção especial contra interferências diretas do Executivo, limitando a possibilidade de exoneração de seus membros. Além disso, observa que a acusação de fraude hipotecária contra Cook diz respeito a fatos anteriores ao seu mandato, enfraquecendo a justificativa de “justa causa” apresentada por Trump.

O impasse deve ser decidido no Judiciário. O advogado de Lisa Cook afirmou nesta terça-feira que ela recorrerá da decisão, e a expectativa é de que a disputa chegue à Suprema Corte, com possibilidade de se arrastar por meses.

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