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Lula defende refino de minerais críticos no Brasil

Por Redação - Em 23/10/2025 às 1:39 PM

Lula Foto Agência Brasil

Segundo Lula, a meta é transformar o país em protagonista na cadeia global de transição energética, aproveitando suas reservas de minérios críticos, como lítio e terras raras FOTO: Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (23), que o Brasil deve priorizar o refino de minerais estratégicos em território nacional, em vez de exportá-los como commodities. A declaração foi feita durante um fórum econômico em Jacarta, na Indonésia, e antecipa o encontro que o líder brasileiro terá com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no domingo (26), na Malásia.

Segundo Lula, a meta é transformar o país em protagonista na cadeia global de transição energética, aproveitando suas reservas de minérios críticos, como lítio e terras raras — insumos essenciais para baterias, painéis solares e semicondutores.

“Apesar de termos apenas 30% da riqueza mineral mapeada, já contamos com 10% das reservas mundiais de minerais críticos. O novo Conselho Nacional de Política Mineral será decisivo para assegurar nossa soberania nesse setor”, afirmou o presidente.

Lula citou a Indonésia como exemplo de país que adotou políticas para processar internamente seus minérios, atraindo investimentos e ampliando a geração de empregos. “Queremos agregar valor em nosso território, com responsabilidade ambiental e respeito às comunidades locais”, destacou.

Diálogo com os EUA

Entre os temas previstos para a reunião com Trump está a negociação sobre o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos de países emergentes. O governo brasileiro pretende propor uma agenda de cooperação tecnológica e mineral, especialmente no campo das terras raras, dominado atualmente pela China.

Esses elementos são considerados estratégicos para a indústria de energia limpa e eletrônicos, e têm sido foco de disputas geopolíticas envolvendo as principais potências mundiais.

Comércio em moedas locais

Durante o evento em Jacarta, Lula também reforçou sua defesa pelo uso de moedas locais em transações comerciais entre países do Brics, citando exemplos de sistemas de pagamento instantâneo, como o Pix no Brasil e o QRIS na Indonésia.

“Essas soluções mostram que é possível facilitar o comércio sem depender do dólar”, disse o presidente.

Em tom indireto, Lula criticou práticas unilaterais de países que, segundo ele, “impõem barreiras e distorcem o comércio internacional”. A fala foi interpretada como referência ao governo norte-americano, embora o petista não tenha citado Trump nominalmente.

Soberania e reindustrialização verde

Com a nova política mineral, o governo brasileiro busca reindustrializar o país com foco em sustentabilidade, reduzindo a dependência da exportação de matérias-primas e fortalecendo cadeias produtivas internas ligadas à transição energética.

A iniciativa é vista por analistas como parte da estratégia de Lula para reposicionar o Brasil nas negociações globais de clima, energia e comércio, equilibrando sua aproximação com os Estados Unidos e a aliança com os países do Brics.

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