“Toda vez que houver uma dificuldade, eu vou conversar pessoalmente com ele. Ele tem o meu telefone, eu tenho o dele”, disse Lula FOTO: Ricardo Stuckert

Durante agenda oficial em Kuala Lumpur, na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (27) que estabeleceu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, uma regra de negociação direta para tratar de temas sensíveis da relação bilateral, incluindo o tarifaço imposto por Washington e sanções aplicadas a autoridades brasileiras.

“Toda vez que houver uma dificuldade, eu vou conversar pessoalmente com ele. Ele tem o meu telefone, eu tenho o dele. As equipes vão negociar — e a minha é de alto nível: Alckmin, Haddad e Mauro Vieira”, disse Lula durante jantar de gala na capital malaia.

A declaração ocorre após o encontro entre Lula e Trump, realizado no domingo (26), durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Segundo o presidente brasileiro, o diálogo foi produtivo, ainda que sem resultados imediatos sobre a revisão das tarifas comerciais.

“Ninguém poderia esperar que uma única conversa resolvesse todos os problemas”, afirmou Lula, ressaltando que o Brasil “quer negociar de forma franca e construtiva”.

Lula mencionou que as tratativas incluem a revisão de sanções impostas a autoridades brasileiras, como o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, além de familiares.

O presidente disse ter entregado um documento a Trump com os principais pontos de interesse do Brasil, incluindo o pedido de revisão das punições e das tarifas comerciais, que, segundo ele, foram baseadas em “informações equivocadas”.

“O que nós queremos é negociar o fim dessas punições e corrigir distorções. O Brasil não tem déficit com os Estados Unidos, tem superávit — e ele sabe disso, porque entreguei a ele uma carta com todos os dados”, afirmou Lula.

Expectativa de acordo

Lula encerrou o pronunciamento demonstrando otimismo quanto a um novo entendimento entre os dois países.

“Entreguei a ele um documento com tudo o que o Brasil quer. Não foi só conversa. Acredito que vamos chegar a um bom acordo”, concluiu.

A conversa entre os dois presidentes é vista como um passo para reaproximar Brasil e Estados Unidos, após meses de tensões diplomáticas geradas por barreiras tarifárias e medidas restritivas impostas por Washington.