Mesmo com forte presença global e liderança estimada em 21% do mercado de sorvetes, a companhia abriu seu capital com múltiplos mais baixos do que concorrentes do setor

A Magnum Ice Cream Company iniciou sua negociação na bolsa de Amsterdã na segunda-feira (8), com valor de mercado próximo de 7,8 bilhões de euros, resultado inferior ao projetado por analistas. A oferta marcou a separação formal da empresa em relação à Unilever, mas a recepção inicial dos investidores evidenciou incertezas sobre o desempenho futuro da fabricante de sorvetes.

As ações ficaram praticamente estáveis no primeiro dia, refletindo tanto a saída de fundos de índice quanto o ceticismo em torno do potencial de crescimento de um portfólio baseado em produtos açucarados em meio a um movimento global por hábitos mais saudáveis. Preocupações regulatórias e o avanço de medicamentos para perda de peso também aparecem entre os fatores apontados por gestores como riscos relevantes para o setor.

Mesmo com forte presença global e liderança estimada em 21% do mercado de sorvetes, a companhia abriu seu capital com múltiplos mais baixos do que concorrentes do setor. A precificação implicou um valor equivalente a cerca de oito vezes o Ebitda projetado para 2025, sinal de um desconto considerável quando comparado a empresas como Nestlé e Mondelez, que operam na casa de 13 vezes.

A demanda limitada pela ação no processo de listagem, combinada aos custos da separação da Unilever e à previsão de não pagamento de dividendos em 2026, contribuiu para o preço mais contido. Analistas avaliam que a estratégia pode ter sido deliberada para evitar oscilações bruscas no pregão de estreia.

Ao assumir o comando da empresa independente, o CEO Peter ter Kulve prometeu mais agilidade e foco estratégico. A Magnum herda, no entanto, desafios operacionais associados à cadeia de frio, além da complexa relação com a Ben & Jerry’s, marca responsável por parte relevante do faturamento e envolvida em controvérsias recentes ligadas à governança e posicionamentos políticos.

A base acionária da companhia ainda deve levar algum tempo para se estabilizar, já que todos os investidores da Unilever receberam automaticamente ações da nova empresa. A Unilever manterá participação minoritária de 19,9% por até cinco anos antes de sair totalmente do negócio.

A estreia, embora sem grandes oscilações, sinaliza um período de testes para a nova companhia aberta. A expectativa do mercado é observar se a marca conseguirá sustentar crescimento em um ambiente mais competitivo, regulado e sensível às mudanças de comportamento dos consumidores.