GUERRA COMERCIAL

Mercados globais caem mais de dois dígitos desde posse de Trump

Por Redação - Em 08/04/2025 às 9:40 AM

As bolsas de valores ao redor do mundo registraram fortes quedas nessa segunda-feira (7), refletindo o aumento das tensões geradas pela guerra comercial impulsionada pela administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O início da semana foi marcado por um cenário sombrio nos mercados, com perdas acentuadas na Ásia e temores de uma recessão global.

O impacto da escalada comercial foi notado primeiramente nos mercados asiáticos. No Japão e em Taiwan, os investidores chegaram a suspender as negociações devido ao pânico causado pela queda abrupta dos preços das ações. O Nikkei 225, índice japonês, acumula uma desvalorização de 15,75% desde a posse de Trump, em janeiro de 2021, um reflexo direto da incerteza gerada por sua política externa.

Por outro lado, a China, que se posiciona como uma das principais adversárias comerciais dos EUA, observou uma ligeira recuperação em seu índice FTSE China 50, com um ganho de 1,12%. No entanto, o cenário ainda é negativo, com uma perda de 29,5% desde o pico de março deste ano.

Efeito cascata 

Nos Estados Unidos, a aversão ao risco tomou conta de Wall Street, com investidores preocupados com o impacto das tarifas elevadas impostas por Trump em sua guerra comercial. O índice S&P 500, que engloba uma ampla gama de empresas norte-americanas, registrou uma queda de 15,58% desde a reeleição do presidente. A situação é ainda mais dramática para o Nasdaq Composite, que reúne grandes nomes do setor de tecnologia e sofreu uma queda de 20,51%.

A preocupação dos investidores gira em torno da possibilidade de uma recessão global, impulsionada pelas políticas protecionistas adotadas pela administração Trump. De acordo com o gestor de bolsas macro do ASA Hedge, Diego Chumah, “o mercado está precificando uma maior probabilidade de recessão global após o anúncio das tarifas, o que tem levado a uma queda generalizada nos mercados”.

Antes de sua reeleição, Trump gerava otimismo nos mercados financeiros, com a expectativa de que seu governo fosse amigável ao setor privado. No entanto, o atual mandatário tem adotado uma postura mais agressiva em relação ao comércio internacional, o que tem gerado desconfiança entre os investidores.

Durante uma entrevista recente a repórteres a bordo do Air Force One, Trump fez uma declaração surpreendente: “Esqueçam os mercados por um segundo”. Esse tipo de fala, que desconsidera as flutuações dos mercados financeiros, tem acentuado as incertezas e provocado uma fuga de capitais, com os investidores se afastando dos ativos mais arriscados.

A incerteza cresce à medida que os investidores questionam quais setores e quais países serão os próximos alvos das tarifas impostas por Trump. A falta de clareza sobre a extensão da guerra comercial tem sido um dos principais fatores de volatilidade nos mercados financeiros.

Economia global

Em uma jogada mais agressiva, Trump anunciou recentemente uma série de “tarifas recíprocas” aos seus parceiros comerciais. De acordo com a Fitch, essas medidas podem elevar a média das taxas aduaneiras dos EUA ao nível mais alto desde 1910, o que acende um alerta sobre uma possível recessão na maior economia do mundo. O banco JP Morgan, inclusive, revisou suas previsões, elevando a probabilidade de uma recessão nos Estados Unidos.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, também se mostrou cauteloso quanto aos efeitos econômicos das tarifas. Em declarações na sexta-feira (4), Powell destacou que a imposição de tarifas adicionais pode aumentar a inflação e reduzir a atividade econômica nos EUA, algo que tem gerado mais preocupações em relação à estabilidade da economia global.

Impacto no comércio global

Para o economista sênior do Inter, André Valério, a queda nas bolsas reflete a quebra de expectativas em relação ao governo Trump. “O presidente dos EUA, ao aprofundar sua postura tarifária, está dando um passo atrás em relação às expectativas de uma política econômica mais liberal. Sua visão antiquada sobre déficits comerciais e superávits globais pode resultar em sérios prejuízos para a economia americana no curto prazo”, alerta Valério.

A paralisia no mercado, com empresários e consumidores adiando suas decisões devido à incerteza, tem sido um dos principais efeitos das políticas de Trump. O medo é que, sem um acordo comercial que leve à redução das tarifas, a guerra comercial continue a gerar volatilidade e agravar as tensões econômicas globais.

O futuro das bolsas de valores e da economia mundial depende de como as negociações comerciais entre os EUA e seus parceiros irão se desenrolar. Até lá, os investidores seguirão cautelosos, avaliando os riscos de uma recessão global e tentando entender os próximos passos de uma administração norte-americana que, ao que parece, está disposta a aprofundar a guerra comercial em busca de um novo equilíbrio econômico internacional.

O cenário continua incerto, mas a volatilidade nos mercados e a crescente aversão ao risco sugerem que a guerra comercial de Trump ainda está longe de um fim.

Mais notícias

Ver tudo de IN Business