A Versace, fundada em 1978 por Gianni Versace, havia sido comprada pela Capri em 2018 por US$ 2,1 bilhões

A Prada concluiu a aquisição da Versace, encerrando uma negociação iniciada em abril e que movimentou US$ 1,375 bilhão. O valor foi pago integralmente em dinheiro, segundo comunicado da Capri Holdings, antiga controladora da marca italiana. A operação marca uma das transações mais relevantes do setor de luxo nos últimos anos e ocorre em meio ao esforço da Prada para ampliar seu portfólio de marcas premium.

A conclusão do acordo foi cercada por incertezas. A instabilidade dos mercados globais, agravada pelas tarifas comerciais impostas pelo governo Donald Trump, havia dificultado o avanço das tratativas. Fontes do mercado citadas pelo Financial Times relatam que, diante do cenário, o preço inicial de cerca de US$ 1,6 bilhão acabou renegociado para um patamar mais baixo.

Para a Capri Holdings, o negócio representa uma oportunidade de fortalecer as finanças após anos de pressão competitiva. De acordo com o CEO John D. Idol, os recursos serão utilizados para reduzir o endividamento e melhorar a estrutura de capital da companhia. A estratégia prevê foco renovado nas marcas Michael Kors e Jimmy Choo, com expectativa de estabilização ainda este ano e retomada do crescimento no ano fiscal de 2027.

A Versace, fundada em 1978 por Gianni Versace, havia sido comprada pela Capri em 2018 por US$ 2,1 bilhões. A casa italiana viveu uma fase de mudanças recentes, incluindo a saída de Donatella Versace da direção criativa em março. O afastamento da estilista, figura central da história moderna da grife, influenciou rumores de venda e pesou nas negociações finais.

O negócio entre Prada e Versace quase foi inviabilizado pelo impacto das tarifas norte-americanas, que elevaram custos de produção e provocaram forte queda nas bolsas dos EUA. Em meio à turbulência, o valor de mercado da Capri chegou a recuar para US$ 1,5 bilhão. A aquisição também ocorre após a tentativa frustrada da empresa de vender seus ativos para a Tapestry — dona da Coach — em um acordo de US$ 8,5 bilhões barrado pelo órgão antitruste dos Estados Unidos.

Com a compra concluída, a Prada assume uma das marcas mais tradicionais da moda italiana e projeta dar início a uma nova fase para a Versace, buscando recuperar escala e presença global no segmento de luxo.