Identidade Produtiva
Produtos com selo de origem conquistam o Brasil
Por Anchieta Dantas Jr. - Em 05/06/2025 às 11:52 AM

Na edição 2025 do Connection Terroirs, realizada em Gramado (RS), participaram 52 IGs de todas as regiões do país Foto: Divulgação/Sebrae
Do vinho mineiro à cerâmica cearense, produtos brasileiros com selo de origem movimentam negócios e valorizam territórios em todo o país. Na última edição do Connection Terroirs, realizada em Gramado (RS), de 28 a 31 de maio desse ano, o avanço das indicações geográficas (IGs) brasileiras ganhou novo fôlego.
Com a participação de 52 IGs de todas as regiões do país, o evento reuniu produtores, artesãos e gestores públicos em torno de um mesmo propósito: fortalecer a identidade produtiva regional e ampliar mercados.
A feira gerou cerca de R$ 300 mil em vendas diretas ao consumidor e atraiu potenciais compradores em mais de 90 rodadas de negócios. Foi também a estreia de 18 IGs no evento, entre elas a Cachaça de Luiz Alves (SC), as Panelas de Barro da Raposa Serra do Sol (RR) e a recém-certificada Cerâmica de Alegria, de Ipú (CE), reconhecida em abril deste ano.
Rede de valor compartilhado
Muito além do comércio, o encontro promoveu trocas estratégicas entre os envolvidos no processo de IG — desde produtores até gestores do Sebrae e técnicos do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Pela primeira vez, áreas de Inovação e de Mercado do Sebrae se reuniram para debater políticas de fortalecimento e ampliar o acesso das IGs a novas oportunidades comerciais.
Segundo Maíra Santana, gestora de Inovação e Indicações Geográficas do Sebrae Nacional, aproximadamente 85% das IGs brasileiras têm algum grau de apoio da instituição. “Mais do que vender, eventos como esse geram pertencimento e conectam histórias. Isso aumenta o prestígio dos produtos e desperta o interesse do mercado”, afirma.
Hoje, 134 produtos brasileiros possuem o selo de IG — que atesta vínculos entre a qualidade do item e sua origem geográfica. Outros 43 pedidos tramitam junto ao INPI e 64 estão em fase de estruturação com o apoio do Sebrae, que também criou uma metodologia própria para identificar potenciais IGs em todo o território nacional.
Líderes nacionais
Minas Gerais é o estado com mais IGs reconhecidas: 21 no total. O Paraná vem em segundo, com 18 — incluindo a tradicional Carne de Onça, de Curitiba, e o Urucum de Paranacity, que receberam o selo em maio. Há ainda 12 novos pedidos em análise para o estado.
Distrito Federal e Maranhão são as únicas unidades da federação ainda sem registros formais, mas ambos já possuem produtos em fase de diagnóstico ou estruturação. É o caso do Morango de Brazlândia (DF) e da Tiquira do Maranhão, aguardando os próximos passos do processo.

IG como ativo econômico e cultural
Na prática, uma indicação geográfica pode significar mais do que o reconhecimento oficial de um produto: representa a valorização do saber local, estimula o turismo, protege tradições e cria vantagens competitivas para pequenos negócios.
Como resume Mabel Guimarães, gestora do Sebrae Paraná, “uma IG é também um selo de confiança e de origem — atributos cada vez mais valorizados pelo consumidor contemporâneo”.
No Brasil, onde diversidade cultural e ambiental se traduzem em sabores, saberes e ofícios, a IG desponta como um instrumento estratégico de desenvolvimento. Com políticas de incentivo, articulação institucional e olhar atento às vocações regionais, o país avança para consolidar esse patrimônio como ativo econômico de peso.
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