A parceria ganha força meses após a Geely adquirir 26,4% da operação da Renault no Brasil

A Renault e a chinesa Geely oficializaram, nesta semana, no complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR), um investimento de R$ 3,8 bilhões para implantar novas plataformas de veículos e abrir espaço para a produção de modelos eletrificados no país. O anúncio marca um dos maiores movimentos recentes da indústria automotiva brasileira.

A parceria ganha força meses após a Geely adquirir 26,4% da operação da Renault no Brasil, consolidando a expansão global da cooperação entre os dois grupos. O acordo permite que a Geely utilize a fábrica da Renault para montar seus veículos e aproveite a rede de distribuição da marca francesa. Embora os modelos ainda não tenham sido anunciados, a primeira plataforma confirmada para produção é a GEA, a mesma utilizada no EX2 — o carro mais vendido da China em 2024 e recém-chegado ao mercado nacional.

A instalação da nova base tecnológica reforça a estratégia de trazer ao país soluções avançadas voltadas para veículos eletrificados. As obras de adaptação da unidade paranaense começam nas próximas semanas, preparando o terreno para uma mudança significativa no portfólio das duas montadoras.

Segundo o plano apresentado, a plataforma GEA dará origem a dois novos modelos em 2026, além de permitir a renovação de um veículo Renault no mesmo período. O acordo também prevê a montagem de uma segunda plataforma totalmente elétrica, que sustentará um novo modelo da Renault programado para 2027.

Executivos das duas empresas destacaram a relevância estratégica do projeto. O CEO global da Renault, Fabrice Cambolive, afirmou que o movimento inaugura “uma nova fase da cooperação no Brasil, com foco em um mercado de alto potencial”. Já Victor Yang, da Geely, disse que a iniciativa deve gerar “nova vitalidade” ao setor automotivo nacional e servir como referência para o avanço da mobilidade sustentável.

Com a união da infraestrutura industrial da Renault e das plataformas eletrificadas avançadas da Geely, o Brasil passa a ocupar posição central nos planos globais das marcas para veículos de baixa e zero emissão. E o primeiro modelo produzido em São José dos Pinhais utilizará a mesma base do elétrico líder de vendas na China — um indicativo do peso tecnológico que começa a chegar às linhas de montagem brasileiras.