Até o dia 23, os investidores internacionais retiraram R$ 3,72 bilhões da B3

O mês de outubro registrou a maior retirada de capital estrangeiro da Bolsa brasileira em pelo menos seis anos. Até o dia 23, os investidores internacionais retiraram R$ 3,72 bilhões da B3, reflexo das tensões comerciais entre China e Estados Unidos e da incerteza fiscal no Brasil após a caducidade da Medida Provisória (MP) 1.303, que previa alternativas ao aumento do IOF.

Mesmo com o saldo negativo no mês, o resultado acumulado de 2025 ainda é positivo, com R$ 22,79 bilhões em aportes estrangeiros. Analistas afirmam que o movimento atual está ligado à realização de lucros, e não a uma saída estrutural de capital.

Segundo especialistas, fatores internos, como a questão fiscal, impulsionaram os investidores a ajustar portfólios e redistribuir recursos, após o forte ingresso de capital em setembro. Eles também avaliam que a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump pode gerar reação positiva no mercado.

Apesar das saídas, o interesse internacional pelo mercado brasileiro permanece alto, sustentado pela expectativa de queda de juros nos Estados Unidos e no Brasil e pelos preços atrativos das ações nacionais.

O cenário fiscal, porém, ainda preocupa. O fim da MP 1.303 implicou perda de R$ 20 bilhões em receitas e R$ 15 bilhões em cortes de despesas previstos para 2026. Segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), o governo terá dificuldade em alcançar o superávit primário de R$ 27,1 bilhões no quarto trimestre.

A combinação de incertezas fiscais e tensões comerciais globais tem levado investidores a adotar uma postura mais cautelosa, mas analistas avaliam que, com mais clareza sobre a trajetória de juros e sinais de estabilidade econômica, o fluxo estrangeiro deve voltar ao mercado acionário brasileiro nos próximos meses.