RELAÇÕES COMERCIAIS
Semana decisiva para negociações pode definir futuro da tarifa americana sobre produtos brasileiros
Por Redação - Em 28/07/2025 às 9:39 AM

Diferente de outros países, que já fecharam acordos para evitar ou reduzir tarifas, o Brasil enfrenta a mais alta taxa – 50% – o que pode agravar ainda mais os efeitos negativos para a economia nacional
O Brasil vive uma semana crucial para o destino de sua economia, que pode sofrer um impacto severo caso não consiga reverter a decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir da próxima sexta-feira, 1º de agosto. Esse é o prazo final dado pelo governo americano para que o país consiga um acordo que evite a cobrança, e até o momento as negociações não demonstram sinais claros de avanço.
O vice-presidente Geraldo Alckmin tem liderado os esforços diplomáticos, mantendo conversas frequentes com autoridades americanas, incluindo uma reunião de quase uma hora com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Mesmo assim, a expectativa para uma suspensão ou adiamento da tarifa segue baixa.
Na última sexta-feira, o presidente Lula demonstrou ceticismo em relação à reversão da medida e revelou que Alckmin tem buscado diálogo diariamente, mas encontra pouca receptividade. “Ninguém quer conversar”, afirmou Lula, indicando o impasse nas tratativas.
Do lado americano, Lutnick declarou, nesse domingo (27), que as tarifas começarão a valer no dia 1º de agosto, sem mais períodos de carência. Ele ressaltou, porém, que o governo americano permanece aberto ao diálogo, sugerindo que negociações futuras podem suavizar o impacto. O próprio presidente Donald Trump reafirmou que não haverá adiamento da data durante sua viagem à Europa.
Diferente de outros países, que já fecharam acordos para evitar ou reduzir tarifas, o Brasil enfrenta a mais alta taxa – 50% – o que pode agravar ainda mais os efeitos negativos para a economia nacional. A negociação se complica devido a um viés político, pois a decisão americana está atrelada a questões envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, aumentando a tensão entre os países.
Especialistas destacam que o impacto econômico será severo no curto e médio prazo. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê queda de R$ 52 bilhões nas exportações e a perda de 110 mil empregos. Já a Federação das Indústrias de Minas Gerais estima que, em longo prazo, a tarifa pode causar retração de até 1,49% no PIB, além de quase 1,3 milhão de empregos perdidos.
Alguns setores já sentem os efeitos da indefinição, com empresas suspendendo contratos e reduzindo operações por conta da insegurança comercial. Produtores de ferro-gusa, frutas como manga e uva do Vale do São Francisco, além do setor de pescados, são alguns dos mais impactados.
Enquanto o governo corre contra o relógio para tentar convencer os EUA a recuarem, empresas brasileiras têm buscado apoio dos importadores americanos para pressionar o governo dos Estados Unidos a reconsiderar a tarifa. Setores como o do café e do suco de laranja tentam sensibilizar autoridades americanas sobre os prejuízos para os consumidores e para o mercado.
Paralelamente, o governo brasileiro prepara um plano de contingência, incluindo medidas de apoio às empresas afetadas, com linhas de crédito e outras ações econômicas para minimizar os danos.
Com menos de uma semana para o prazo final, a expectativa agora é alta: o desenlace dessa “semana decisiva” poderá definir se o Brasil enfrentará um forte choque econômico ou se haverá espaço para um acordo que evite o tarifaço e seus efeitos negativos.
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