Mercado imobiliário

Setor da construção acelera com imóveis verticais em Fortaleza e loteamentos na Região Metropolitana

Por Anchieta Dantas Jr. - Em 30/04/2025 às 1:30 PM

Mercado Imobiliário Fortaleza

Na capital, o segmento residencial vertical, principalmente o econômico, foi o destaque, com alta de 54% no VGV em relação ao primeiro trimestre de 2024 Foto: Divulgação

O setor da construção de Fortaleza e Região Metropolitana começou 2025 com forte desempenho. Entre janeiro e março, o volume geral de vendas (VGV) cresceu, puxado pelo avanço dos imóveis verticais de padrão econômico na capital e por loteamentos nos municípios vizinhos. Os dados são da pesquisa mensal realizada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) em parceria com a consultoria Brain.Na capital, o segmento residencial vertical econômico foi o destaque, com alta de 54% no VGV em relação ao primeiro trimestre de 2024. O número de unidades vendidas também cresceu 24%, impulsionado por iniciativas como o Minha Casa, Minha Vida e o Entrada Moradia.

O presidente do Sinduscon-CE, Patriolino Dias de Sousa, vê os números como sinal de um mercado estável e com perspectiva de continuidade. “Os resultados mostram uma base sólida de confiança dos investidores e consumidores, com destaque para os loteamentos e os empreendimentos verticais de padrão acessível”, afirma.

Loteamentos aquecem no entorno da capital

Fora de Fortaleza, o protagonismo foi dos loteamentos. Na Região Metropolitana, as vendas de terrenos cresceram 89% em unidades e 130% em valor. Cidades como Eusébio, Maracanaú e Caucaia lideraram esse avanço, com forte procura por moradia em áreas com mais espaço e infraestrutura.

Segundo Gisele Pereira, especialista em inteligência de mercado da Brain, o desempenho reflete o ritmo acelerado de absorção. “Hoje, 81% dos lotes lançados já foram vendidos. O saudável para o mercado seria uma disponibilidade em torno de até 35%. Em Fortaleza está em 20%. Então, essa velocidade de venda mostra o apetite do consumidor e a atratividade dos produtos”, explica.

O movimento, no entanto, pressiona os preços. Segundo a consultora, a valorização dos terrenos — que em loteamentos fechados já superam R$ 1.500 o metro quadrado — tem encarecido os imóveis. Isso deve empurrar parte das unidades hoje enquadradas no Faixa 3 do Minha Casa, Minha Vida para o Faixa 4, com valores que se aproximam dos R$ 400 mil.

É difícil encontrar novos lançamentos abaixo de R$ 250 mil. Os empreendimentos econômicos estão cada vez mais concentrados na faixa de R$ 300 mil a R$ 350 mil”, diz Gisele.

Fortaleza também vem se destacando no contexto regional. A capital tem um dos maiores preços médios de metro quadrado do Nordeste, à frente de Salvador e Recife, e mostra resiliência mesmo com a queda de lançamentos.

Enquanto outras capitais registram retração, Fortaleza mantém ou até amplia o volume de vendas, especialmente no setor vertical. Sem sombra de dúvida é um dos mercados mais fortes e diversificados do Nordeste“, complementa Gisele.

Terreno fértil para o mercado

Com uma amostra de 393 empreendimentos de 175 empresas em Fortaleza, Eusébio, Maracanaú, Caucaia e Aquiraz, a pesquisa indica um cenário consistente. Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Ceará (Creci-CE), Tibério Benevides, a leitura é de otimismo, mas com atenção à evolução dos preços.

“A demanda segue forte, mas o desafio será manter o equilíbrio entre valorização e acesso ao crédito. O mercado cearense tem espaço para crescer, desde que se preserve a viabilidade econômica dos projetos” avalia.

A expectativa é de que, no segundo semestre, com a consolidação da nova faixa do MCMV, novos produtos sejam lançados já adaptados ao Faixa 4. Até lá, o mercado segue aproveitando o fôlego dos estoques e a confiança dos compradores.

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