encerramento de atividades
Taurus considera saída do Brasil caso tarifaço dos EUA seja aplicado
Por Aflaudisio Dantas - Em 26/07/2025 às 5:33 PM

CEO da Taurus diz que com as sobretaxas, o modelo de negócio da companhia se torna inviável Foto: divulgação/Taurus
A imposição de uma sobretaxa de 50 % sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, anunciada em 9 de julho e com vigência a partir de 1º de agosto, mergulha a Taurus, gigante brasileira do setor de armas e munições, em uma crise sem precedentes. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, os EUA foram destino de 61 % das exportações brasileiras no setor no ano passado, o equivalente a quase R$ 3 bilhões, concentrados principalmente no Rio Grande do Sul e em São Paulo.
Diante desse cenário, o CEO global da Taurus, Salesio Nuhs, afirmou que a empresa estuda encerrar suas operações no Brasil e transferir toda a produção para os Estados Unidos, incluindo a fábrica de São Leopoldo (RS). A medida poderia provocar a perda de até 15 mil empregos, inclusive cerca de 3 mil postos diretos.
No entendimento do executivo, a taxação não se resume a uma redução de margens: trata-se de “inviabilidade total”, sem margem para continuidade do negócio no atual modelo. Essa possível decisão não impactaria apenas a Taurus: estima-se que as exportações relacionadas ao setor representem R$ 520 milhões, equivalentes a 4,7 % do PIB municipal de São Leopoldo, o que pode provocar uma verdadeira recessão local.
Falta negociação
No plano governamental, críticos apontam inabilidade do Brasil em negociar com os EUA. Salesio Nuhs aponta que a ausência de uma estratégia diplomática efetiva lança uma “insegurança jurídica” tanto para empresários quanto para trabalhadores, com possibilidade real de demissões em massa se o conflito tarifário persistir.
Em meio a esse clima de tensão, especialistas ponderam que os efeitos poderão se estender além da indústria bélica brasileira. O Brasil já enfrenta desaceleração no crescimento econômico em 2025, o Ipea projeta alta de 2,4 % para o PIB neste ano, após um robusto crescimento de 3,4 % em 2024, mas a intensificação de tensões comerciais externas pode gerar maior aversão a investimentos externos e reduzir ainda mais a formação de capital.
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