A Ferrovia Transnordestina atingiu um marco decisivo no Ceará com a autorização integral de suas obras no território cearense, após a assinatura das ordens de serviço dos lotes 9 e 10. Última etapa a ser iniciada no Estado, o trecho de 97 quilômetros cruza os municípios de Baturité, Aracoiaba, Redenção, Acarape, Guaiúba, Palmácia, Maranguape e Caucaia, consolidando o avanço de uma das infraestruturas de transporte mais estratégicas do Brasil.

Obras dos últimos dois lotes da Transnordestina foram autorizadas durante evento realizado nesta quinta-feira, no Palácio da Abolição                                    Fotos: Carlos Gibaja/Thiago Gaspar/Casa Civil

A cerimônia de assinatura ocorreu nesta quinta-feira (11), no Palácio da Abolição, reunindo o governador Elmano de Freitas; o diretor de Relações Governamentais da Transnordestina, Ismael Trinks, e o diretor do Departamento de Outorgas Ferroviárias do Ministério dos Transportes (MT), Hélio Roberto Silva, entre outras autoridades. O ato autoriza a mobilização plena dos trabalhos no Ceará, com expectativa de geração de até 2 mil empregos diretos.

Elmano de Freitas destacou o impacto transformador do empreendimento. “Estamos falando de uma obra que, quando concluída, passa de R$ 15 bilhões, algo que vai transformar a economia do Estado, colaborar com a logística do País e pode dobrar a movimentação de cargas do Porto do Pecém”, afirmou. Ele acrescentou que o projeto marca um divisor de águas para diversos segmentos produtivos. “Estamos em um momento histórico e que, efetivamente, começamos a vislumbrar a conclusão da Transnordestina. Isso representa um ganho logístico imenso para o Brasil e para diversos setores do Ceará, como a área de calçados, o agronegócio e o Hidrogênio Verde”, ressaltou.

Avanço operacional e eficiência logística

Execução das obras segue em ritmo acelerado no território cearense

O início dos novos lotes se soma ao avanço da Fase I da ferrovia, que liga o município piauiense de Paes Landim ao Porto do Pecém e já alcança 79% de execução física. Para Ismael Trinks, o momento simboliza um passo decisivo para o desenvolvimento regional. “Hoje, governador, estamos possibilitando a criação de empregos e oferecendo uma opção logística extremamente eficiente e barata para o Nordeste, especialmente para o Ceará”, afirmou.

No total, 676 quilômetros da linha principal estão concluídos, enquanto 280 quilômetros seguem em execução nos lotes 4 a 8 e no lote 11, que compreende a chegada ao terminal portuário cearense. A Fase I tem entrega prevista para 2027, assegurando a conexão completa da ferrovia ao Porto do Pecém. A construtora Agis será responsável pela execução dos novos trechos, com mobilização programada para os próximos dias. Também participaram da cerimônia o chefe da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Francisco Alexandre; o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Romeu Aldigueri, além de representantes de órgãos como ANTT, DNIT e FIEC.

O superintendente da Sudene reforçou o caráter estruturante da obra para o Nordeste. “Quando a gente fala em desenvolvimento regional, estamos falando em geração de emprego e da necessidade da ligação que a ferrovia terá, conectando o Nordeste ao Centro-Sul, com a Norte-Sul, no eixo que chega a Eliseu Martins. E isso tudo fará com que o Porto do Pecém tenha o que é essencial em um porto: uma linha férrea capaz de transportar a produção e a carga. E a consequência de tudo isso é desenvolvimento”, destacou Francisco Alexandre.

Expansão acelerada e desenvolvimento

A Transnordestina mantém ritmo acelerado desde a retomada dos investimentos federais em 2023. Com 1.206 quilômetros de linha principal e 73 quilômetros adicionais em ramais, o traçado cruza 53 municípios entre Eliseu Martins e o Porto do Pecém. Desse total, 608 quilômetros estão em território cearense, atravessando 28 cidades. Outras 18 ficam no Piauí e sete em Pernambuco.

No Ceará, três terminais de carga estão previstos: Missão Velha, Iguatu e Quixeramobim. Este último será palco de um dos projetos logísticos mais robustos associados à ferrovia: o Porto Seco José Dias de Macêdo, empreendimento multimodal conduzido pela Value Global Group. Com área superior a 362 hectares e investimento estimado em R$ 1 bilhão, o complexo será desenvolvido em duas fases. A primeira, com aporte de R$ 350 milhões, tem conclusão prevista para agosto de 2026; a segunda, que inclui o processo de alfandegamento junto à Receita Federal, está programada para 2027.

Além de armazenagem e movimentação de cargas, o Porto Seco permitirá, futuramente, operações de despacho aduaneiro, reduzindo custos logísticos e ampliando a competitividade do interior do Estado. A Value Global Group também planeja implantar um distrito industrial na região, fortalecendo a posição do Ceará como um dos principais Hubs logísticos e industriais do Nordeste.