A ideia já havia sido mencionada em maio, mas segue sem clareza sobre o alcance

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nessa segunda-feira (29), que pretende impor uma tarifa de 100% sobre todos os filmes produzidos fora do país. A proposta inédita gerou forte reação no setor de entretenimento e colocou em dúvida a viabilidade do modelo global de negócios de Hollywood, que depende de coproduções e bilheterias internacionais.

O anúncio foi feito em sua rede Truth Social. Trump afirmou que a indústria cinematográfica norte-americana vem perdendo espaço para produções estrangeiras e comparou a situação a “roubar doces de um bebê”. No entanto, ele não explicou qual base legal permitiria a aplicação da tarifa, e a Casa Branca não respondeu aos questionamentos sobre como a medida seria implementada.

A incerteza afetou o mercado financeiro: as ações da Netflix caíram 1,5% no início do pregão. Grandes estúdios como Warner Bros Discovery, Comcast, Paramount Skydance e a própria Netflix não comentaram oficialmente a decisão.

A ideia já havia sido mencionada em maio, mas segue sem clareza sobre o alcance — se abrangeria países específicos ou todas as importações de filmes. Executivos do setor relatam perplexidade, lembrando que a maioria das produções atuais envolve múltiplos países em etapas de filmagem, efeitos visuais e pós-produção.

Especialistas em comércio internacional também questionam a legalidade da medida. Para analistas, filmes são classificados como propriedade intelectual e fazem parte do comércio de serviços, área em que os EUA tradicionalmente têm superávit. Essa característica colocaria em xeque a justificativa para a tarifa.

Enquanto a indústria espera mais detalhes, o anúncio já adiciona novas incertezas a um mercado global em transformação, onde coproduções internacionais se tornaram regra e não exceção.