Para entrar em vigor, o pacto precisa do aval do Parlamento Europeu e da aprovação de ao menos 15 dos 27 Estados-membros

A Comissão Europeia apresentará nesta quarta-feira (3) o acordo de livre comércio firmado entre a União Europeia (UE) e o Mercosul para análise e votação. O tratado, concluído em dezembro após mais de duas décadas de negociações, divide os países do bloco europeu: Alemanha e Espanha lideram a ala favorável, enquanto a França encabeça a oposição.

Para entrar em vigor, o pacto precisa do aval do Parlamento Europeu e da aprovação de ao menos 15 dos 27 Estados-membros, representando 65% da população da UE. O resultado, no entanto, é incerto diante das resistências.

Defensores do acordo destacam que ele pode compensar perdas provocadas pelas tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de reduzir a dependência europeia da China em insumos estratégicos, como minerais usados em baterias. O Mercosul é visto como destino promissor para automóveis, máquinas e produtos químicos da UE, além de potencial fornecedor confiável de matérias-primas.

A França, maior produtora de carne bovina do bloco, considera o tratado “inaceitável”. Agricultores e ambientalistas reforçam a rejeição, alegando que a entrada de commodities sul-americanas, sobretudo carne, ameaça padrões ambientais e de segurança alimentar europeus. A Comissão Europeia nega esses riscos.

A oposição pode ganhar força se países como Polônia e Itália aderirem ao lado francês. Caso isso ocorra, os votos necessários para aprovação não seriam alcançados. Ainda assim, Bruxelas insiste que o acordo representa o mais amplo corte tarifário já negociado pelo bloco e parte essencial da estratégia de diversificação comercial da UE.