Projeto retomado
Cinema de Arte retorna no sábado (29) com “Mississippi em Chamas” no Cineteatro São Luiz
Por Paulla Pinheiro - Em 28/11/2025 às 12:01 AM

Cena de “Mississippi em Chamas” (1988), clássico de Alan Parker que inaugura a nova fase do Cinema de Arte no Cineteatro São Luiz
Depois de um período de pausa, o Cinema de Arte retoma sua trajetória no Cineteatro São Luiz e inaugura, no sábado (29), uma fase que combina memória, formação de público e reencontros afetivos com a tela grande. Sempre aos sábados, às 10h, o projeto volta com sessões gratuitas — e a reestreia acontece com “Mississippi em Chamas” (1988), de Alan Parker, marcando o retorno de uma iniciativa que atravessou sete décadas, formou gerações e ajudou a moldar o olhar cinematográfico do Ceará. Uma história que começou nos anos 1950, percorreu salas, circuitos e tendências, até reencontrar no São Luiz o seu ponto mais simbólico de continuidade.
O legado nasceu ainda no Clube de Cinema de Fortaleza, liderado por Darcy Costa, quando figuras como Antônio Girão Barroso, Ary Bezerra Leite, Eusélio Oliveira, Aderbal Freire e tantos outros se reuniam em sessões que apresentavam cinematografias raras e debates intensos. Depois, expandiu-se pela cidade com a Casa Amarela, o Cinema de Arte do Shopping Center Um, o Espaço Unibanco e o Cinema do Dragão — cada endereço acolhendo gerações que buscavam mais do que entretenimento: buscavam repertório, pensamento e visão de mundo.
Nos anos 1980, o projeto ganhou novo fôlego com Pedro Martins Freire, que o relançou no Cine Gazeta, então no Shopping Center Um. Ali, o público cearense conheceu grandes diretores — de Bergman a Truffaut — e viveu encontros transformadores em torno da estética e da política das imagens. A jornada seguiria para o Studio Beira-Mar e para o circuito UCI-Ribeiro, no Shopping Iguatemi, chegando, mais tarde, ao alcance nacional no Grupo Cinépolis, no RioMar Fortaleza, até ser interrompida pela pandemia.
Agora, Pedro Martins Freire oficializa a doação da marca Cinema de Arte ao São Luiz, gesto que consolida um retorno simbólico e inaugura um novo momento para o equipamento. “Trata-se da continuidade do maior projeto de formação de público da cultura cearense. A reabertura do Cinema de Arte é um dos grandes acontecimentos da cultura cearense. Vida longa e próspera”, registra o curador.
Para celebrar esse renascimento, dezembro será dedicado à Mostra Truffaut Por Completo, com 23 filmes restaurados do cineasta francês em parceria com a Filmes da Estação. É um convite para revisitar “Os Incompreendidos”, “Jules e Jim”, “A Noite Americana”, “Fahrenheit 451”, “O Último Metrô”, “A Mulher do Lado”, entre outras obras essenciais. A programação destaca o compromisso do São Luiz com a formação de novos públicos, em diálogo com iniciativas como a plataforma Siará+, dedicada ao cinema cearense autoral.
“Essa etapa fortalece tanto a memória audiovisual quanto a maturação de novos olhares”, afirma Duarte Dias, do Núcleo de Acervo e Difusão Audiovisual. Ele adianta que, a partir de fevereiro de 2026, as sessões seguem mensalmente, aos sábados pela manhã, com debates que estimulam uma experiência de descoberta — como nos velhos tempos.
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