Desfile de David Lee na SPFW N60 – Foto: Brazil News

A passarela da São Paulo Fashion Week ganhou intensidade e poesia no domingo (19), com a coleção “Nascente” de David Lee, apresentada no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera. O estilista cearense partiu de suas próprias origens — e até do nome que carrega — para construir uma narrativa sobre identidade, disciplina e fluidez. Filho de um faixa preta em artes marciais, David recebeu o nome em homenagem a Bruce Lee, referência que se desdobra em símbolos, gestos e silhuetas presentes na coleção.

No desfile, o diálogo entre corpo e movimento se traduziu em quimonos, calças amplas, amarrações e faixas, que se misturaram à alfaiataria utilitária e às texturas artesanais que marcam a trajetória da marca. Conhecido pelo crochê produzido por artesãs no Ceará, o designer expandiu seu repertório ao incluir renda richelieu, desenvolvida a partir de toalhas de mesa reinterpretadas em parkas, camisas e jaquetas esportivas — uma homenagem afetiva à memória familiar, convertida em moda urbana.

As tonalidades de verde, laranja e dourado reforçaram a sensação de vitalidade, enquanto volumes acolhedores e tecidos com enchimentos evocaram o gesto do abraço — tema recorrente na obra de David. A collab com a marca Oco Club adicionou uma camada lúdica e afetiva, com estampas inspiradas em xilogravuras e referências da cultura popular nordestina, conectando arte, tradição e experimentação.

Inspirado por uma trajetória que transita entre o fazer artesanal e o design contemporâneo, David Lee tem levado sua pesquisa para além das passarelas. Depois de assinar os uniformes da Pinacoteca do Ceará e do Museu da Imagem e do Som, o estilista segue explorando as relações entre estética, funcionalidade e afeto. “Nascente é sobre reconhecer de onde viemos e o que nos move”, destacou ao final do desfile — uma reflexão que se traduziu em cada dobra, textura e gesto, como um fluxo contínuo entre memória e criação.

Confira alguns looks do desfile.

Fotos: Brazil News