Dom Aloísio Lorscheider – Reprodução CFFB

Em 1978, durante o conclave que sucedeu a breve passagem de João Paulo I pelo papado, um nome brasileiro chegou perto de fazer história no Vaticano. Dom Aloísio Lorscheider, então arcebispo de Fortaleza, foi o primeiro a alcançar os dois terços dos votos necessários para assumir a liderança da Igreja Católica. Mas recusou.

A decisão, segundo relato do teólogo Frei Betto, foi tomada por motivos de saúde. Dom Aloísio havia passado por uma cirurgia cardíaca delicada, com oito pontes de safena, e temia não suportar o peso do pontificado — sobretudo após a morte precoce de João Paulo I, com apenas 33 dias de papado. A função foi então assumida por Karol Wojtyła, o polonês que se tornaria João Paulo II. Dom Aloísio, que comandou a Arquidiocese de Fortaleza por 22 anos (de 1973 a 1995), faleceu em 2007, aos 83 anos, em Porto Alegre. Seu nome é até hoje o único brasileiro lembrado com votos em um conclave, e sua trajetória chegou a ser citada sutilmente no filme “O Poderoso Chefão – Parte III”. Um capítulo silencioso e imponente da história da Igreja — com raízes profundas no Ceará.