“Koi-Guera”, da Edisca, retorna aos palcos após 27 anos – Fotos: Divulgação

Em outubro, o público cearense terá a chance de rever um marco da dança contemporânea brasileira. O espetáculo “Koi-Guera”, da Edisca, retorna aos palcos depois de 27 anos, em apresentação no CineTeatro São Luiz, um dos espaços culturais mais importantes de Fortaleza. A obra estreou em 1997 no Theatro José de Alencar e desde então tornou-se referência por sua força estética e crítica social.

O título vem do tupi e significa “o que será morto”, simbolizando a luta e resistência dos povos indígenas diante das tentativas de extermínio. A coreografia mantém atualidade e vigor, ecoando como denúncia contra a violência histórica e o apagamento cultural. “Esse espetáculo não é apenas memória, é também denúncia. Ele fala de um passado que insiste em se repetir e de um presente que muitas vezes preferimos não enxergar”, destacam os coreógrafos Dora Andrade e Gilano Andrade.

O espetáculo é um convite à reflexão sobre memória e ancestralidade

A montagem se diferencia pela estética marcada por maquiagens inspiradas nos povos originários e pelo uso de adereços adquiridos junto à Funai. Elementos das etnias Ticuna, Gavião, Nambiquara e Wai Wai trazem autenticidade e transformam a obra em um tributo vivo às culturas indígenas.

Desde a estreia, “Koi-Guera” percorreu cidades como Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, acumulando 49 apresentações e emocionando mais de 41 mil espectadores. O retorno aos palcos cearenses traz de volta não apenas um clássico da Edisca, mas também um convite à reflexão sobre memória e ancestralidade.

Koi-Guera  percorreu cidades como Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília

Dança e transformação social

Fundada em 1991, a Edisca — Escola de Desenvolvimento e Integração Social para Criança e Adolescente — é uma organização da sociedade civil sediada em Fortaleza (CE). Reconhecida nacional e internacionalmente, a instituição une arte, educação e cidadania para promover o desenvolvimento humano de crianças, adolescentes e jovens.

Com a dança como linguagem fundadora, a pedagogia da Edisca articula práticas artísticas e educativas que fortalecem autoestima, senso de pertencimento, protagonismo social e pensamento crítico. Em mais de três décadas, milhares de crianças e adolescentes passaram pela instituição, despertando potências criativas e construindo trajetórias de vida mais justas e emancipatórias.