Colosseo–Fori Imperiali

Estação de metrô é inaugurada sob o Coliseu de Roma com museu arqueológico integrado

Por Paulla Pinheiro - Em 18/12/2025 às 5:54 PM

Estação De Metrô Do Coliseu, Em Roma

Estação de metrô Colosseo–Fori Imperiali, da Linha C, foi inaugurada em Roma nesta semana

Construir uma estação de metrô sob o Coliseu exigiu de Roma algo além da engenharia convencional: foi preciso negociar, centímetro a centímetro, com quase três milênios de história. Inaugurada nesta semana, a estação Colosseo–Fori Imperiali, da Linha C, transforma um dos maiores desafios de infraestrutura da Europa em uma experiência cultural rara, onde transporte público e arqueologia convivem no mesmo percurso.

Quem desce às plataformas encontra um verdadeiro museu subterrâneo. Vasos, pratos de cerâmica do século II a.C., poços de pedra, baldes suspensos e utensílios domésticos surgem ao longo do caminho, revelando fragmentos da vida cotidiana da Roma Antiga. Entre os achados mais impressionantes estão as ruínas de uma piscina de água fria e de um banho termal pertencentes a uma residência do século I, preservados no próprio local onde foram descobertos.

O processo de escavação, documentado em grandes telões instalados na estação, ajuda a compreender por que a obra levou tantos anos. A Linha C começou a ser construída há cerca de duas décadas e acumulou atrasos provocados por entraves burocráticos, falta de recursos e, sobretudo, pela complexidade arqueológica do subsolo romano. Trabalhar sob um lençol freático elevado e, ao mesmo tempo, proteger tanto os vestígios históricos quanto os monumentos na superfície exigiu soluções inéditas — como o congelamento do solo para estabilizar áreas sensíveis e o uso de paredes de concreto provisórias, removidas à medida que a escavação avançava.

O investimento é proporcional à ambição do projeto. O custo total da Linha C, que contará com 31 estações, deve chegar a cerca de 7 bilhões de euros, com conclusão prevista para 2035. Três quartos do trajeto já estão em operação. Quando concluída, a linha terá 29 quilômetros de extensão, sendo 20 quilômetros subterrâneos, e capacidade para transportar até 800 mil passageiros por dia.

Na mesma semana, Roma inaugurou também a estação Porta Metronia, a uma parada do Coliseu, escavada a 30 metros de profundidade. Ali, arqueólogos identificaram um quartel militar do início do século II, com quase 80 metros de comprimento, além de uma casa com afrescos e mosaicos bem preservados. Um museu específico para esse núcleo arqueológico ainda será aberto ao público.

Escavar no centro de Roma significa atravessar camadas sucessivas de civilizações. Segundo a construtora responsável, mais de 500 mil artefatos já foram encontrados ao longo do traçado da Linha C. E o desafio continua: o metrô seguirá sob a Coluna de Trajano, a Basílica de Maxêncio, palácios renascentistas, igrejas históricas e áreas próximas ao Vaticano. A futura estação Piazza Venezia, prevista para 2033, deverá atingir 48 metros de profundidade, no verdadeiro coração da cidade.

Para moradores e visitantes, a nova estação representa também uma mudança prática: acesso mais fácil ao centro histórico e ao Coliseu, sem enfrentar o trânsito cronicamente congestionado da cidade eterna. Mas, em Roma, até a solução de mobilidade vira narrativa cultural. A Linha C não apenas encurta distâncias — ela revela, camada por camada, como o presente segue construído sobre a memória.

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