Angela Ro Ro

A música popular brasileira perdeu nesta segunda-feira (8) uma de suas vozes mais marcantes: Angela Ro Ro, que partiu aos 75 anos, no Rio de Janeiro. A cantora, dona de um timbre rouco e inconfundível, estava internada desde julho, quando passou por complicações de saúde após uma traqueostomia.

Nascida Angela Maria Diniz Gonsalves, em 1949, no Rio, ela ganhou o apelido ainda na infância, pela voz grave que viria a ser sua marca. Compositoras de mão cheia, lançou em 1979 o álbum de estreia que já a consagraria como referência com canções como “Amor, meu grande amor”, “Tola foi você” e “Gota de sangue”.

Antes, nos anos 1970, Angela percorreu Londres como garçonete e lavadora de pratos, até ser apresentada ao mundo da música por Glauber Rocha, que a indicou para participar de “Transa”, de Caetano Veloso. A partir daí, abriu caminho para uma carreira que uniu coragem, autenticidade e entrega.

Nos anos 1980, vieram trabalhos icônicos como “Escândalo!” — parceria com Caetano —, “Só nos resta viver” e “Eu desatino”. Entre altos e baixos pessoais, sobreviveu às intempéries da vida e transformou sua trajetória em arte. Ao virar o milênio, lançou “Acertei no Milênio”, celebrando uma fase de renovação.

Nos palcos, foi sempre intensa. Na TV, mostrou outra faceta como apresentadora do talk-show “Escândalo”, no Canal Brasil. Mais tarde, voltou ao estúdio para gravar “Compasso” (2006), “Feliz da Vida!” (2013) e seu último álbum, Selvagem (2017). Foi também homenageada em um tributo com releituras masculinas de suas canções.

Ro Ro foi dessas artistas que não apenas interpretaram canções, mas transformaram cada verso em confissão. Sua voz segue viva, ecoando como memória e resistência.