Sebastião Salgado

Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia mundial, morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris. O mineiro de Aimorés, que ao longo da vida percorreu mais de 120 países com sua câmera, deixou imagens que atravessam gerações e humanizam territórios, dilemas e naturezas diversas — de Serra Pelada à Amazônia, passando por registros históricos como a Revolução dos Cravos e as ocupações do MST.

Pouco antes de sua morte, falou sobre a retrospectiva em cartaz no centro Les Franciscaines, em Deauville, na França, com mais de 400 obras de seu acervo: “Foi como fazer um passeio pela minha própria vida”, disse, emocionado, à Forbes. “Quando caminhava pela exposição, parecia um filme sobre mim.” Na mesma entrevista, declarou: “Quantas vezes pus a câmera de lado para chorar? Porque era dramático demais. Esse é o poder do fotógrafo: estar lá. A gente se expõe muito. É um privilégio imenso”.

Diagnosticado com complicações decorrentes da malária contraída nos anos 1990, Salgado se preparava para, neste sábado (24), participar do vernissage dos vitrais criados por seu filho Rodrigo para uma igreja em Reims, mas precisou cancelar. A notícia de sua morte foi confirmada pelo Instituto Terra, organização fundada por ele e Lélia Wanick Salgado: “Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade”.

Ao longo da carreira, Salgado assinou séries premiadas, como “Trabalhadores”, “Êxodo” e “Gênesis”. Sempre resistiu ao rótulo de artista: “Algumas vezes me dizem que sou um artista, eu digo que não: sou fotógrafo. Só os fotógrafos têm o direito de duvidar”. Hoje, o mundo inteiro celebra o homem que fez da dúvida, e da lente, uma poética de resistência e memória.