Lô Borges, cantor e compositor mineiro, teve morte confirmada nesta segunda-feira, 3 de novembro

O Brasil se despede de uma de suas vozes mais sensíveis e inventivas. Lô Borges, cantor, compositor e um dos fundadores do lendário Clube da Esquina, morreu aos 73 anos em Belo Horizonte. A informação foi confirmada pela família do artista nesta segunda-feira (3). Internado desde 17 de outubro, o músico enfrentava complicações decorrentes de uma intoxicação medicamentosa.

Mineiro de alma e melodia, Lô transformou esquinas, guitarras e silêncios em poesia. Seu encontro com Milton Nascimento, ainda na infância, selou uma das parcerias mais marcantes da música brasileira — nascida nas calçadas do bairro Santa Tereza e eternizada em canções como “O Trem Azul”, “Paisagem da Janela” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”.

Com apenas 20 anos, Lô assinou ao lado de Milton o álbum “Clube da Esquina” (1972), considerado décadas depois o maior disco da história da música brasileira e um dos mais influentes do mundo. No mesmo ano, lançou o icônico Disco do Tênis, símbolo de liberdade criativa e ousadia estética.

Após um hiato voluntário em Arembepe, na Bahia, retornou amadurecido, lançando obras que ampliaram sua sonoridade e consolidaram sua presença na MPB — como “Via Láctea” (1978) e “Sonho Real” (1984). Mais recentemente, aproximou-se de novas gerações em colaborações com nomes como Samuel Rosa e Zeca Baleiro, com quem lançou seu último álbum, “Céu de Giz”, em agosto deste ano.

Filho de uma família numerosa, Salomão Borges Filho cresceu cercado por música, amizade e fé na arte. Deixou como legado uma obra que transcende o tempo — feita de acordes que ecoam liberdade e de versos que continuam a embalar sonhos, como o do menino de Santa Tereza que um dia olhou para o céu e o transformou em som.