Chateau de Saran

Na era da intergeracionalidade e da globalização patrimonial, o mercado de imóveis de alto padrão passa por uma transformação de valores — e de perfis. O Relatório de Perspectivas do Luxo 2025, da Sotheby’s International Realty, revela que o luxo imobiliário está mais diverso e conectado à identidade e estilo de vida dos compradores.

Três movimentos ganham destaque no levantamento: o avanço das compradoras solteiras, a consolidação dos millennials como público dominante e a influência direta da cultura pop, batizada de “efeito White Lotus”. As mulheres, que já representam 20% dos compradores nos EUA (em 1981 eram apenas 11%), agora compram imóveis com autonomia e visão patrimonial. Já os millennials — e parte da Geração Z — priorizam experiências personalizadas, sofisticação com propósito, e imóveis que abracem sustentabilidade, design e tecnologia.

A estética também passou a pesar nas decisões: séries e filmes têm gerado um fascínio por cenários que cruzam o charme histórico com o conforto contemporâneo. A segunda temporada de White Lotus, por exemplo, dobrou o número de compradores americanos e britânicos em vilas italianas, segundo a Sotheby’s Itália. “Possuir um pedaço da história se tornou um novo símbolo de status”, pontua Diletta Giorgolo Spinolo, diretora da rede no país.

No plano macro, o mercado deve se manter estável em 2025, ainda que com ritmo de valorização mais comedido — uma pausa estratégica após o fervor pós-pandemia. Ao mesmo tempo, a migração de ultra-ricos segue aquecida, com destinos como Dubai atraindo cada vez mais investidores por seus incentivos fiscais e residências de marca, que podem ter prêmios de até 25% acima de imóveis equivalentes.

Outro dado que chama atenção: parte significativa dos compradores ainda depende de apoio familiar. No Reino Unido, por exemplo, 42% das pessoas com menos de 55 anos recorreram aos pais para financiar imóveis — mesmo no segmento de alto padrão.

A leitura da Sotheby’s é clara: o novo luxo não está apenas nas propriedades, mas nas narrativas que elas contam. E quem dita essas narrativas, agora, são mulheres independentes, jovens globais conectados e consumidores que veem no lar um reflexo direto de suas escolhas e valores.