Tradição e vanguarda
New York Design Week: quatro mostras que discutem escultura, função e herança cultural
Por Paulla Pinheiro - Em 20/05/2025 às 12:32 PM

Wentz New York Penthouse, por Guilherme Wentz – Foto Divulgação
Entre o vidro moldado no calor, o bronze fundido em areia e a madeira reinventada ao estilo tropical, quatro mostras em cartaz durante a New York Design Week reposicionam o debate entre tradição e contemporaneidade. E o Brasil, mais uma vez, marca presença com fôlego autoral e materialidade precisa.
Na Bossa Gallery, o designer Lucas Recchia apresenta Crafting the Future, em cartaz até 13 de junho. A mesa Zel — peça que combina formas geométricas metálicas com vidro fundido — abre o percurso da mostra, que inclui ainda dois lançamentos da coleção Janelas: um aparador em quartzito Vitória Régia e uma mesa de centro que mescla mármore preto com vidro amarelo. Em paralelo, a galeria abriga a individual Inventing a Modern Tropical Living, com móveis de Joaquim Tenreiro em diálogo com obras de artistas como Di Cavalcanti e Jay Kelly, numa leitura refinada do modernismo brasileiro em chaves contemporâneas.
Também brasileiro, Guilherme Wentz foi convidado pela Galerie VERSO para assinar o projeto da cobertura do edifício Nine Chapel, com arquitetura do premiado estúdio SO–IL. Em WENTZ New York Penthouse, o designer propõe um mergulho silencioso em superfícies puras e volumes essenciais. A instalação, aberta ao público até 31 de maio, apresenta mais de vinte peças inéditas, entre mobiliário, luminárias e objetos, costurando um olhar autoral que alterna escultura, função e leveza.
Já na Galerie56, a italiana Nilufar estreia em Nova York fora do circuito das feiras com a mostra La Dolce Vita, em cartaz de 29 de maio a 27 de agosto. A curadoria apresenta peças icônicas do design italiano entre as décadas de 1930 e 1970, com nomes como Carlo Mollino, Ettore Sottsass, BBPR e Piero Fornasetti. Mais que uma antologia de clássicos, a exposição se propõe como cápsula sensorial de uma época — entre a sofisticação do mobiliário e o clima da elegância mediterrânea transposto para o concreto nova-iorquino.
Fechando o circuito com potência ritual, o mexicano Héctor Esrawe, à frente do EWE Studio, apresenta Exhuma, na Ateliers Courbet. A série, inspirada em formas pré-hispânicas e na cosmovisão dos Purépechas, reinterpreta vasos e objetos de uso ancestral com técnicas adaptadas: moldes em areia, argila e carvão recebem o metal ainda líquido, que depois é solidificado e polido manualmente. A exposição, em cartaz até 20 de junho, reposiciona o design como gesto arqueológico — com forma, memória e pausa.
- Exhuma, Por Ewe Studio – Foto Divulgacao
- Mazzega Floor Lamp – Foto Daniele Iodice
- Wentz New York Penthouse, Por Guilherme Wentz – Foto Divulgacao
- Crafting The Future, Por Lucas Recchia – Foto Divulgacao
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