Santuário do Caraça, em Minas Gerais – Foto Miguel Andrade

O Santuário do Caraça, localizado nos municípios de Catas Altas e Santa Bárbara, em Minas Gerais, abre uma nova página de sua trajetória com o lançamento de um roteiro guiado que propõe ao visitante uma imersão profunda em história, cultura e natureza. A iniciativa reúne séculos de memória em uma narrativa única, que percorre desde os marcos da fé até as paisagens mais emblemáticas da serra.

O percurso parte da chegada do Irmão Lourenço, em 1770, passando pela construção da Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens — a primeira em estilo neogótico no Brasil —, e pelo legado do colégio que formou nomes como Afonso Pena e Arthur Bernardes. Entre as surpresas, estão os vitrais franceses presenteados por Dom Pedro II, a “Santa Ceia” do Mestre Ataíde e o primeiro órgão de tubos fabricado no país.

Ruínas do antigo Colégio do Caraça – PBCM

As histórias seguem pelas ruínas do antigo colégio, a biblioteca com mais de 20 mil volumes — entre eles raridades de 1489 —, e pelas trilhas que levam a cachoeiras e picos de tirar o fôlego. O roteiro ainda traz à tona tradições da cozinha mineira e a relação afetiva do Santuário com o lobo-guará, símbolo da convivência entre homem e natureza.

Com mais de 12.000 hectares, a RPPN Santuário do Caraça foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, no ano de 1955, quando passou a fazer parte do rol de bens tombados pela União. Também integra a área destinada às Reservas da Biosfera da Serra do Espinhaço e da Mata Atlântica, reconhecidas pela UNESCO em 2005.

Pedra em que D. Pedro II teria escorregado no Santuário do Caraça – PBCM

O passado histórico da RPPN – Santuário do Caraça é peculiar, pois uma área excepcional de 12.403 hectares foi mantida em posse de apenas dois proprietários, o Irmão Lourenço de Nossa Senhora e a Congregação da Missão, por mais de 240 anos. A área da Reserva foi constituída pela fusão de quatro propriedades: a original, adquirida pelo Irmão Lourenço por volta de 1770, na qual se acham as edificações principais do Caraça; a Fazenda da Chácara, comprada em 1823, cuja antiga sede não mais existe e que foi, durante muito tempo, o celeiro do Colégio, no antigo caminho de Catas Altas; a Fazenda do Engenho, comprada em 1858, localizada nas proximidades da Portaria de acesso à Reserva; e a Fazenda do Capivari, doada pelo Coronel Manoel Pedro Cotta e por sua esposa, que, por não terem descendentes, legaram sua propriedade ao Caraça em 1870.

Hoje, turistas de todo o mundo visitam o Santuário do Caraça anualmente, seja para momento de descanso, lazer ou pesquisa ambiental e contato com a religiosidade. O local é reconhecido pela sua hospitalidade, tanto que já recebeu por duas vezes, em 2020 e 2021, o selo Traveller Review Awards, da Booking.com, que premia os hotéis mais bem avaliados pelos viajantes de todo o planeta, além da chancela Travellers’ Choice 2020, do Tripadvisor, que destaca as avaliações positivas dos visitantes que passaram pelo destino turístico.

Pedra em que D. Pedro II teria escorregado no Santuário do Caraça – PBCM