versões contraditórias

Em acareação, Mauro Cid justifica silêncio sobre Braga Netto por ‘choque emocional’ após prisões

Por Marlyana Lima - Em 24/06/2025 às 5:47 PM

Mauro Cid

Tenente-coronel Mauro Cid participou de acareação com general Braga Neto – Foto: Agência Brasil

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, nesta terça-feira (24), durante acareação no Supremo Tribunal Federal (STF), que só revelou o suposto repasse de dinheiro feito pelo general Walter Braga Netto após um período de “choque emocional”. Segundo ele, a prisão de amigos militares envolvidos na investigação sobre um plano para assassinar autoridades, entre elas o ministro Alexandre de Moraes, o deixou abalado e impactou sua memória durante os primeiros depoimentos à Polícia Federal.

A declaração consta na ata oficial da acareação entre Cid e Braga Netto, realizada no STF. O encontro teve como objetivo esclarecer as versões contraditórias apresentadas pelos dois investigados sobre a suposta entrega de dinheiro em dezembro de 2022.

Duas versões

Mauro Cid afirma ter recebido uma sacola de vinho lacrada das mãos de Braga Netto, com dinheiro destinado a financiar ações de militares acusados de integrar o plano de atentado contra Moraes. O tenente-coronel disse acreditar que o repasse ocorreu por volta de 9 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada.

Braga Netto

General Braga Netto manteve sua versão durante a acareação 

Braga Netto, por sua vez, nega qualquer entrega de dinheiro. Segundo o general, quando procurado por Cid com um pedido de ajuda financeira, orientou o então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro a buscar o tesoureiro do PL, partido ao qual Braga Netto é vinculado. Ele disse ainda que nunca mais tratou do assunto com Cid.

A defesa de Braga Netto usou as contradições e lacunas nos depoimentos de Mauro Cid para reforçar a tese de que o delator mente. “É um escândalo. Ele mentiu perante o STF mais uma vez”, afirmou um dos advogados do general.

Outro ponto de tensão foi a reunião de 12 de novembro de 2022 na casa de Braga Netto. Cid relatou que esteve no encontro, mas saiu antes do final. Disse ainda que os militares presentes discutiram questões operacionais relacionadas à insatisfação com o resultado das eleições. Braga Netto, porém, minimizou o episódio e afirmou que o encontro teve caráter informal, apenas para cumprimentos.

STF nega gravação da acareação

Durante a audiência, a defesa de Braga Netto pediu autorização para gravar a acareação, mas o ministro Alexandre de Moraes indeferiu o pedido, alegando que o ato de instrução judicial é prerrogativa exclusiva do juízo, com o objetivo de evitar pressões indevidas e eventuais vazamentos.

Com as versões mantidas em conflito após a acareação, o impasse entre os depoimentos de Mauro Cid e Braga Netto segue como um dos pontos mais sensíveis da investigação conduzida pelo STF.

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