Sistema financeiro

Liquidação do Banco Master pelo BC eleva debates sobre governança e riscos no setor

Por Redação - Em 31/12/2025 às 11:27 AM

Banco Master Foto Agência Brasil

Segundo especialistas, a instituição estava sem capacidade de recuperação técnica, com ativos sem valor real FOTO: Agência Brasil

O Banco Central (BC) do Brasil decretou em novembro a liquidação extrajudicial do Banco Master, provocando repercussão nas esferas regulatória, jurídica e política do país. A medida encerrou as atividades da instituição no Sistema Financeiro Nacional após autoridades identificarem problemas graves de solvência e irregularidades na condução de operações financeiras.

Segundo a autoridade monetária, a liquidação foi motivada por uma combinação de fatores de risco sistêmico: grave crise de liquidez, deterioração da situação econômico-financeira e violação de normas bancárias, o que teria comprometido a capacidade da instituição de honrar seus compromissos.

Paralelamente, investigações da Polícia Federal apuraram a emissão de títulos de crédito falsos e outras práticas suspeitas, resultando na prisão do proprietário do banco, o empresário Daniel Vorcaro, em São Paulo, no mesmo dia em que o BC decretou a liquidação.

O episódio ganhou contornos ainda mais complexos com a tentativa frustrada de venda do Banco Master a um grupo privado, anunciada um dia antes da liquidação, e a rejeição anterior de outra proposta de aquisição pelo Banco de Brasília (BRB), barrada pelo BC após avaliação de riscos.

Especialistas ouvidos por autoridades afirmam que a instituição estava, na prática, sem capacidade de recuperação técnica, com ativos sem valor real, o que teria justificado a adoção direta da liquidação sem passar por outras medidas de intervenção.

Questionamentos

A decisão do BC passou a ser alvo de intervenção de tribunais superiores. O Tribunal de Contas da União (TCU) e o Supremo Tribunal Federal (STF) têm cobrado explicações detalhadas sobre os fundamentos técnicos e legais que sustentaram a liquidação, além de avaliar se alternativas menos drásticas foram devidamente consideradas.

Representantes do setor financeiro, por outro lado, têm defendido a atuação técnica independente do Banco Central como um elemento essencial para manter a estabilidade do sistema bancário brasileiro, especialmente diante de casos de risco elevado.

Impactos

O envio de respostas técnicas à fiscalização do TCU e a acareação marcada no STF entre executivos ligados ao caso devem pautar as próximas semanas no debate institucional. Autoridades defensores da decisão argumentam que a liquidação foi um passo necessário diante de um quadro de insolvência profunda, enquanto críticos veem na rapidez da ação indícios de necessidade de maior transparência no processo regulatório.

O caso Banco Master se consolidou como um dos episódios recentes mais complexos sobre a atuação do Banco Central em situações de risco bancário e pode influenciar novas discussões sobre governança e mecanismos de resolução de instituições financeiras no Brasil nos próximos meses.

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