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“A sanção não é contra o Lula, é contra o Brasil”, diz Mauro Filho ao defender união contra tarifaço

Por Aflaudisio Dantas - Em 24/07/2025 às 6:38 PM

Mauro Benevides Filho (2)

Deputado defende que vice-presidente Geraldo Alckmin tente primeiro contato com vice-presidente norteamericano J.  D. Vance Foto: Douglas Filho/Portal IN

O vice-líder do Governo Federal na Câmara dos Deputados, Mauro Filho (PDT-CE) diz que apenas um contato mais direto e incisivo pode barrar o tarifaço de 50% que deve ser imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. O parlamentar cearense defende uma união nacional para tratar do tema, deixando de lado paixões e convicções políticas. “A sanção não é contra o Lula, é contra o Brasil”, atesta, em entrevista exclusiva ao Portal IN.

Mauro Filho acredita que o melhor caminho seria tentar contato entre os vice-presidentes de Brasil e Estados Unidos, Geraldo Alckmin e J. D. Vance, respectivamente. “O J.D.  Vance, que é um cara mais conservador que o Trump, pode falar para o Trump dos problemas que o tarifaço iria acarretar e abrir o espaço para que o Lula dialogue”, diz. Segundo Mauro Filho, foi assim que agiram países atingidos por tarifaços impostos por Trump, como o México, Canadá e Japão.

“Eu reconheço, entretanto, que Lula não pode ligar para o Trump sem saber se o presidente norteamericano vai ouvir”, pontua. Na prática, o parlamentar afirma que instâncias como a Organização Mundial do Comércio, ou o envio de cartas entre os países, são medidas complementares, que sozinhas não dão conta do problema.

Impactos do tarifaço não podem ser ignorados

Apesar da relação de superávit que os Estados Unidos possui com o Brasil, caso se concretize, o tarifaço tem potencial para causar danos na economia brasileira, sobretudo nas indústrias do aço e produtos manufaturados. Segundo dados da Amcham Brasil, no primeiro semestre de 2025, a balança comercial entre os dois países é de US$ 1,7 bilhão favorável aos norteamericanos.

Ainda assim, setores ligados a produtos como suco de laranja, óleos combustíveis, café não torrados e aeronaves, empregam juntas centenas de milhares de pessoas. Essas áreas são destaques nas importações brasileiras com destino aos Estados Unidos. “Você vai mexer com o trabalhador brasileiro”, protesta Mauro Filho. Ele diz que o presidente Lula acerta quando contesta o tarifaço. “Quando o Lula traz para si a tentativa de retirar as tarifas, traz para perto pessoas que estavam distante dele”, argumenta.

Narrativas

Segundo Mauro Filho, os bolsonaristas, como o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) erram ao encampar campanha pró-tarifaço. Uma das primeiras justificativas apresentadas por Donald Trump foi uma suposta perseguição do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Isso é um tiro no pé para acabar com emprego no Brasil. Como alguém vai para os Estados Unidos, encampar um campanha que pode acabar com o emprego no Brasil porque seu pai está com problemas?”, indaga.

O filho do ex-presidente está em solo norteamericano e tem se colocado a favor das tarifas por conta dos processos judiciais enfrentados pelo pai. Ele também se mostra como alguém que teria influência para reverter a posição de Donald Trump sobre o tarifaço.

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