Presidente do STF evitou citar Bolsonaro diretamente Foto: Gustavo Moreno/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, divulgou neste doming o(13) uma carta intitulada “Em defesa da Constituição, da democracia e da Justiça”, em resposta aos recentes ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou taxação de 50% a produtos brasileiros e criticou o STF por supostos abusos cometidos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Barroso começou lembrando que, inicialmente, coube ao presidente Lula responder às medidas anunciadas pelos EUA, acrescentando que, com a reação à mesa, era possível abordar o assunto de forma “serena”. O ministro criticou a decisão de Trump, afirmando que o tarifaço foi imposto por “um tradicional parceiro comercial” com base em uma “compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos”.

Na carta, sem mencionar Bolsonaro diretamente, Barroso reforçou que o julgamento, em curso, da tentativa de golpe contra o sistema democrático está seguindo todos os trâmites previstos. “Se houver provas, os envolvidos serão condenados, se não houver, serão absolvidos”, garantiu. “No Brasil de hoje não se persegue ninguém”.

O presidente do STF também destacou a pluralidade de opiniões permitida no regime democrático, afirmando que conservadores, progressistas e liberais coexistem livremente no país. “As diferentes visões de mundo nas sociedades abertas e democráticas fazem parte da vida e é bom que seja assim. Mas não dão a ninguém o direito de torcer a verdade ou negar fatos concretos que todos viram e viveram”.

Barroso prosseguiu com um panorama histórico, resgatando os 40 anos de estabilidade democrática desde 1985 e relembrando episódios autoritários do passado, como a Intentona Comunista de 1935, o golpe de 1964 e o AI‑5 em 1968. Ele enfatizou que, apesar de crises recentes, tentativa de atentado a bomba no aeroporto de Brasília, ameaças a ministros do STF e acusações de fraude eleitoral, o Judiciário agiu com rigor e independência para manter o regime democrático.

O ministro explicou que os processos relacionados à denúncia de tentativa de golpe contra o Estado democrático estão sendo conduzidos com total transparência: sessões públicas, ampla defesa, e com embasamento em áudios, vídeos e documentos. “O STF vai julgar com independência e com base nas evidências”, afirmou.