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Cid Gomes propõe ampliar quarentena do Banco Central para conter conflito de interesses
Por Aflaudisio Dantas - Em 01/07/2025 às 6:37 PM

Senaador acredita que uma quarentena maior pode garantir mais lisura ás decisões do BC Foto: Alessandro Dantas/Agência Senado
O senador Cid Gomes (PSB-CE) apresentou nesta terça-feira (1º) o Projeto de Lei nº 144/2025, que propõe ampliar de seis meses para quatro anos o período de quarentena imposto aos ex-dirigentes do Banco Central (BC) antes que possam voltar a atuar no mercado financeiro. A iniciativa tem como objetivo mitigar conflitos de interesse e fortalecer a credibilidade da autoridade monetária brasileira.
Atualmente, o mandato do presidente do Banco Central é de quatro anos, mas o período de quarentena após sua saída do cargo é de apenas seis meses. Segundo o senador, o período é insuficiente para evitar que decisões tomadas durante a gestão sejam influenciadas por interesses futuros no setor financeiro.
Cid Gomes tem sido um crítico constante da atuação do Banco Central, especialmente após a conquista da autonomia da instituição durante a pandemia da Covid-19. Segundo o parlamentar, o BC tem se comportado de maneira alinhada aos interesses do mercado financeiro, em detrimento das necessidades da população brasileira. “O que se vendeu como autonomia revelou-se uma transferência de poder sem os devidos freios e contrapesos. O Banco Central pode até ser, formalmente, independente do governo. Mas é, na prática, profundamente dependente do mercado financeiro. E essa dependência não é retórica”, afirmou.
Como exemplo do que chama de “confluência de interesses”, Cid mencionou o caso do ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, que assumiu recentemente o cargo de vice-presidente e chefe-global de políticas públicas do Nubank, apenas seis meses após deixar a presidência da autarquia. “Não é coincidência que, ao final de seu mandato, o presidente do Banco Central, responsável por conduzir a política de juros mais restritiva do planeta, tenha sido contratado por uma das maiores instituições financeiras privadas do país”, denunciou o senador.
Para ele, a atuação recente do Banco Central revela que a instituição passou a se orientar mais pelos interesses do sistema financeiro do que pelo bem-estar da população. “O que são seis meses para alguém que, em nome do interesse público, traçou a linha entre o que o setor financeiro poderia ou não lucrar — e que, ao fim, é acolhido por esse mesmo setor com salários fixos de centenas de milhares de reais e bônus que, historicamente, superam em muitas vezes esse valor?”, questionou.
O projeto de lei agora segue para análise no Senado, onde deve passar por comissões temáticas antes de ir a plenário.
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