Presidente falou que as big techs cresceram de forma desenfreada Foto: Gustavo Moreno/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, defendeu de forma enfática, nesta segunda-feira (21), em palestra na sede da Ordem dos Advogados do Brasil do Estado do Ceará, em Fortaleza, a necessidade urgente de regulação das grandes plataformas digitais as chamadas bic techs. Para Barroso, embora o mundo digital tenha promovido uma democratização no acesso à informação, também trouxe consequências negativas que não podem ser ignoradas.

O primeiro efeito negativo da expansão indiscriminada das big techs é a circulação desenfreada de informações sem qualquer tipo de filtro, o que facilita a propagação de desinformação, discursos de ódio, teorias conspiratórias e até o assassinato de reputações. Conforme o ministro, esse cenário radicalizou o mundo político e abriu espaço para extremismos em todos os espectros ideológicos.

O chefe do Poder Judiciário disse ainda que se criou uma “tribalização” digital, onde as plataformas, por meio de inteligência artificial, selecionam conteúdos que reforçam o que o usuário já pensa, o chamado viés de confirmação. Isso leva cada grupo a construir narrativas próprias, desconectadas de uma realidade compartilhada, o que fragiliza o debate público.

Barroso mencionou que outras democracias já avançam em legislações que abordam tanto questões econômicas (tributação, competição de mercado, direitos autorais) quanto proteções à privacidade. Também chamou a atenção para fenômenos como os “comportamentos coordenados e inautênticos”. Seria uma amplificação artificial de mensagens, por meio de robôs.  O ministro sublinhou que “é imperativo” controlar tais práticas quando configuram desinformação perigosa para a sociedade.

O ministro do STF passou cerca de três horas preso no elevador do prédio da OAB-CE. O episódio durou alguns minutos. O Corpo de Bombeiros interveio após ser notificado da ocorrência e tirou Luis Roberto Barroso sem ferimentos.