Eleições

PSDB e Podemos encerram tratativas para união partidária após disputa por liderança

Por Aflaudisio Dantas - Em 16/06/2025 às 6:31 PM

Aécio (ao Centro) Psdb

Cúpula do PSDB chegou a comemorar fusão durante convenção partidária  Foto: Reprodução Kiko Scartezini/PSDB

As conversas para uma fusão entre PSDB e Podemos chegaram ao fim no último fim de semana, após os partidos não conseguirem chegar a um consenso sobre quem assumiria o comando da nova legenda. A decisão de encerrar as tratativas foi tomada após uma série de reuniões entre lideranças das duas siglas, incluindo a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, e o presidente do PSDB, Marconi Perillo.

O principal entrave foi a definição sobre o modelo de gestão partidária pós-fusão. O Podemos defendia que Renata Abreu ficasse à frente da nova estrutura pelos primeiros quatro anos. Já o PSDB sugeriu um sistema de revezamento no comando, com alternância entre os dois grupos dirigentes. Nenhuma das propostas avançou.

Além da disputa por espaço de poder, pesou no fim das negociações o equilíbrio de forças no Congresso Nacional. Atualmente, o Podemos conta com 15 deputados federais e quatro senadores, enquanto o PSDB soma 13 deputados e três senadores. A semelhança numérica acabou dificultando ainda mais a definição de um comando consensual.

O movimento de fusão vinha sendo tratado como uma forma de sobrevivência política, especialmente para o PSDB, que busca alternativas para manter relevância nacional e superar a cláusula de barreira nas eleições de 2026. A sigla tucana, que já teve papel central na política brasileira, vem sofrendo esvaziamento, com baixas importantes como as dos governadores Eduardo Leite (RS) e Raquel Lyra (PE).

Em junho, o PSDB chegou a aprovar formalmente o início do processo de incorporação do Podemos durante uma convenção nacional, sinalizando disposição para avançar nas tratativas. No entanto, a falta de acordo sobre a futura liderança da legenda inviabilizou os planos.

Com o encerramento desse capítulo, o PSDB volta a concentrar esforços em outras frentes. Já está em andamento a retomada de diálogos com partidos como MDB, Republicanos e Solidariedade. O objetivo agora passa a ser a formação de uma federação partidária, solução que permite a união de legendas em bloco por um período determinado sem que ocorra a fusão definitiva dos partidos.

A federação oferece vantagens práticas, como a soma das bancadas para efeitos de fundo partidário e tempo de propaganda eleitoral, mas preserva a autonomia jurídica de cada sigla. O modelo, inclusive, é visto internamente como uma saída mais viável diante das dificuldades de integração política que uma fusão completa exigiria.

Já o Podemos, ao encerrar o processo, reforça sua posição de manter a autonomia e o controle da legenda, evitando abrir mão de seu protagonismo interno. A decisão também permite ao partido buscar outras articulações políticas com mais liberdade.

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